Nota da CNBB sobre julgamento no STF a respeito da
criminalização da homofobia
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) emitiu nesta quarta-feira, 12 de junho, nota sobre o julgamento em curso
no Supremo Tribunal Federal a respeito da criminalização da homofobia. “Em
diálogo com os setores da sociedade que buscam fortalecer a punição para os
casos de homofobia, a Igreja pede clareza nos processos em curso no Judiciário
e Legislativo”, afirma a CNBB.
E acrescenta: “a liberdade religiosa, que pressupõe o
respeito aos códigos morais com raízes na fé, deve ser compatibilizada com as
decisões judiciais relacionadas à criminalização da homofobia. A doutrina
religiosa não semeia violência, mas, ao contrário, partilha um código de
condutas que promove a defesa da vida. Informar e orientar os fiéis sobre o
matrimônio, aconselhá-los em questões relacionadas à família e à conduta
pessoal não pode ser considerado ofensa contra pessoa ou grupo”.
Leia a nota na íntegra:
Nota da CNBB
A Igreja Católica, especialmente por sua Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, historicamente, é defensora incondicional da
vida, desde a sua concepção até a morte natural. Nesse sentido, é contrária a
qualquer ato de violência. Atentados contra a vida merecem a mais severa
condenação por parte de toda a sociedade civil e, principalmente, das
autoridades devidamente constituídas.
Dedicamos a nossa atenção ao julgamento, em curso, no
Supremo Tribunal Federal, da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
(ADO 26) e do trâmite no Senado Federal do Projeto de Lei 672/2019 para alterar
a Lei 7.716/1989. Nosso posicionamento é alicerçado em princípios ético morais
que defendem o respeito a todos, sem distinções.
O Magistério da Igreja indica o acolhimento solidário e
respeitoso, evitando-se todo sinal de discriminação. Isto não significa se
omitir ou negar o que ensina a sua doutrina: o matrimônio é a união entre o
homem e a mulher, com a possibilidade de gerar vida. Nesse sentido, em diálogo
com os setores da sociedade que buscam fortalecer a punição para os casos de
homofobia, a Igreja pede clareza nos processos em curso no Judiciário e
Legislativo: a liberdade religiosa, que pressupõe o respeito aos códigos morais
com raízes na fé, deve ser compatibilizada com as decisões judiciais
relacionadas à criminalização da homofobia. A doutrina religiosa não semeia
violência, mas, ao contrário, partilha um código de condutas que promove a
defesa da vida. Informar e orientar os fiéis sobre o matrimônio, aconselhá-los
em questões relacionadas à família e à conduta pessoal não pode ser considerado
ofensa contra pessoa ou grupo.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) confia e
espera que as autoridades do Judiciário e do Legislativo, cônscios de suas
responsabilidades, trabalhem, de modo adequado, dedicando-se, com profundidade,
a essa questão que exige também ouvir diferentes perspectivas. Um tema tão
delicado e complexo exige ser tratado pelo amplo diálogo e pela reflexão de
toda a sociedade. Assim, é possível contribuir para promover a harmonia social
em uma sociedade que precisa superar as polarizações. Assegurar cada vez mais a
integridade do cidadão, a partir do respeito fraterno que todo ser humano deve
cultivar em relação a seu semelhante. Esse compromisso requer irrestrito
respeito a princípios morais e religiosos intocáveis.
Em espírito de comunhão e serviço, a CNBB quer colaborar
para que se encontre o caminho necessário para vencer injustiças e perseguições
– a violência contra o ser humano, que inclui também o desrespeito à liberdade
religiosa e aos valores do Evangelho de Jesus Cristo, “ caminho, verdade e
vida”.
Brasília, 12 de junho de 2019.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR
2º Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: CNBB
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