quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

“Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta.” (cf. Mt 7,7-12) - Pe Jose Assis Pereira Soares



O coração do Pai está sempre aberto e disponível para acolher as súplicas que vêm de seus filhos e filhas. Não há quem peça, sem receber. Não há quem busque, sem encontrar. Não há quem bata, sem que a porta se lhe abra. A bondade misericordiosa do Pai leva-o a permanecer sempre à disposição de todos.

Esta característica do Pai encontra seu ponto de comparação no comportamento humano. Nenhum pai sensato dará uma pedra ao filhinho que lhe pede um pão. Tampouco lhe dará uma cobra, se lhe pedir um peixe. Se isto acontece no nível humano, onde sempre existe a possibilidade de fazer o mal, quanto mais se passa em relação ao Pai. Jamais ele prejudicará a quem quer que seja. Quem se dirigir a ele, poderá estar certo de que será atendido. 

A eficácia da oração tem a sua causa, mais que na nossa insistência, na bondade paternal de Deus. A oração deve ser o clima habitual de quem se sabe filha e filho de Deus. Saber rezar não é difícil; basta falar com Deus como um pai e um amigo. Não há cristão, não há apóstolo, não há testemunha sem oração pessoal e comunitária. Todos os grandes santos e santas de todos os tempos foram cristãos de muita oração. 

Por que, muitas vezes, pedimos e não somos atendidos? Responde Santo Agostinho: ou é porque pedimos o que não é conveniente, ou porque pedimos mal sem as devidas disposições espirituais. O genial santo queria dizer que não obtemos o que pedimos porque pedimos sendo maus, ou sem confiança e humildade.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O jejum, além de ser sinal do desejo de conversão, é também sinal de espera - Pe Jose Assis Pereira Soares


“Disse-lhes Jesus: Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. (cf. Mt 9, 14-15)

O jejum, além de ser sinal do desejo de conversão, é também sinal de espera. O próprio Jesus, como os discípulos de João Batista, jejuou no deserto, assumindo em si a longa espera do “esposo”. O “esposo” é Jesus, chegado este, acabou o jejum e começou a festa de casamento. Depois da ressurreição retomará seu significado, no tempo da Igreja (esposa de Cristo), entre o momento em que lhe for tirado o esposo e o seu retorno. O noivo agora está ausente; foi glorificado e não é visível aos nossos olhos. Dispomos apenas de sinais da sua presença: a palavra, os sacramentos, os pobres, onde ele está disponível ao nosso amor. 

Neste intervalo entre a sua glória e a nossa entrada na glória, é-nos dado saciar o jejum de sua presença no encontro com sua presença crucificada, onde Ele está conosco até o fim dos tempos. Só então entraremos com Ele para as núpcias definitivas e tomaremos parte, num banquete sem fim, na sua perfeita e plena alegria. 

A Quaresma exige de nós cristãos católicos a prática do jejum corporal; porém, sobretudo, o jejum que Deus nos pede não é só a nossa privação, é uma total conversão em obras e não só em palavras e ritos externos. A participação nos sofrimentos dos irmãos, nos quais continua o sofrimento de Cristo. A conversão é a que vai produzir em nós a mais profunda solidariedade.

Qual a penitência, o jejum que Deus quer? Não seria “quebrar as cadeias injustas... romper todo tipo de sujeição? Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres? Quando encontrares um nu, cobre-o..." (cf. Is 58, 1-9)  A penitência que Deus quer, a única que tem sentido, é aquela que se traduz em caridade, justiça e libertação do próximo. O jejum cumprido por amor a Deus e dos irmãos é sinal do desejo de conversão; neste sentido, conserva ainda hoje o seu valor. Não é o comer ou o jejuar que importa: o que faz verdadeiro o jejum é o espírito com que se come ou se jejua.

AULA INAUGURAL NO SEMINÁRIO SÃO JOÃO MARIA VIANEY A PARÁBOLA DO SAMARITANO MISERICORDIOSO


A parábola do samaritano misericordioso começa da seguinte maneira: “Um homem descia de Jerusalém a Jerico e caiu no meio dos assaltantes que, após havê-lo despojado e espancado, foram-se, deixando-o semimorto”. Logo depois o texto continua “Certo samaritano em viagem, porém, chegou junto dele”.

Nesta parábola há dois personagens principais: um homem e certo samaritano. Temos um homem caído, ferido e um samaritano que se comove com aquela situação. Sabemos que há outros personagens na história: um levita e um sacerdote, mas, com estes não há proximidade. Eles passam ao largo. Além destes há outras pessoas envolvidas, são os assaltantes, estes se aproximaram para despojar e espancar. Para Santo Ambrósio estes assaltantes são “os anjos das trevas e da noite quês e transformam as vezes em anjos de luz”. Paulo afirma que não devemos compactuar com as obras das trevas. Santo Ambrósio continua: “estes anjos nos despojam da veste nupcial que recebemos”. Quem rouba a dignidade do outro, quem vence derrubando o outro não passa de um ladrão, de um anjo das trevas, mesmo que esteja “transfigurado em anjo de luz” (2Cor 11, 14). 

Com um homem caído e um samaritano, Lucas pinta um quadro onde a moldura é a miséria do homem caído e o centro é a compaixão do samaritano. Lucas pinta o quadro da caridade. Mas não bastam os dois personagens para acontecer à caridade, o samaritano poderia ter sido indiferente ao homem caído. 

Há algo que faz com que a caridade aconteça, o encontro possibilita, mas não significa que a caridade acontece. O levita e o sacerdote tiveram a oportunidade de viver a compaixão, também estiveram na mesma linha de cruzamento e viram o homem caído, mas passaram ao longe, estavam apressados demais. Na realidade viram, mas não viram. O olhar que é a apreensão da realidade pelos sentidos é fundamental para o homem, mas não é decisivo no momento de agir em favor do outro. Não basta olhar, ver, para que as pessoas se encontrem, é preciso ver com o coração, um olhar purificado, um olhar interiorizado. 

O levita, o sacerdote e o samaritano viram aquele homem, mas somente o samaritano “chegou junto dele”. Ele não ficou “de longe”, ele chegou junto do que estava caído. Os outros apenas viram já o samaritano “moveu-se de compaixão”. A compaixão faz o samaritano ser próximo do outro. O caído estava vivendo uma paixão, uma dor. O samaritano sente com-paixão, isto é ele compartilha da dor do outro, ele a faz sua, não no sentido de uma dor física, mas de uma dor que dilacera o coração. O homem caído sente a dor física, enquanto que o samaritano sente a dor no coração.

O samaritano não aceita que o homem esteja caído. Sente uma profunda repulsa contemplando aquela cena. O homem caído contradiz toda a lógica, por que ele foi feito para estar em pé. Ser próximo é ter a coragem de levantar o outro. 

Ao contemplar a realidade é despertado no samaritano um movimento, um sentimento, uma força chamada compaixão, força tão poderosa que todo o corpo se “inclina” diante da realidade do homem caído. 

No evangelho há palavras memoráveis e uma destas é “inclinar”. Gosto muito do relato de Lucas sobre a cura da sogra de Pedro (Lc 4,39). Ele diz que Jesus se “inclinou para ela”. Ninguém se inclina para o outro se não estiver movido de compaixão. E qual é a essência do cristianismo? Vivemos hoje no frenesi das belas liturgias, das franjas, dos belos paramentos. A essência do cristianismo está na atitude do inclinar-se para Deus e para o outro. Deus se inclinou e o que isso tem a dizer para as nossas vidas, para a Igreja? É preciso coragem para responder. Como já afirmei ser próximo é ter a coragem de levantar o outro, para que isso aconteça é necessário que eu me incline. 

Aqui está o paradoxo, o homem é grande quando se inclina, isto é, quando se humilha. Inclina-se para elevar o outro. Mas o outro não se ergue sozinho, os dois se erguem juntos. 

Por isso, que ao levantar-se à pessoa que se fez próximo não é mais a mesma, a que estava caída também não o é. Os dois foram transformados. A união da miséria com a misericórdia, do humano com o divino gera a transformação. O tudo penetrando no fragmento, como diz o nosso povo “a roda grande passando por dentro da roda pequena”, a graça divinizando a natureza. É por isso que no evangelho Jesus diz “quando o Filho do homem for levantado atrairá todos a ele”. 

E o elemento que humaniza os dois não é a paixão, a dor, como se esta tivesse por si mesma a força de transformar, mas a paixão compartilhada. A dor vivenciada, não no sentido de um ficar olhando para o outro, mas no sentido de um colocar-se em movimento para o outro a fim de elevá-lo daquela situação. Ao assumir a dor do outro ela se torna mais leve e os dois conseguem caminhar. Tudo se transforma. É criado um “novo homem, um novo céu e uma nova terra”. 

Ao aproximar-se o samaritano d’aquele homem descobre que ele está ferido, chagado. O descer, o cair nas mãos dos assaltantes, fere o homem, por que os assaltantes desumanizam. Não nascemos para descer, a nossa pátria a Jerusalém está no alto, é celeste, ninguém consegue descer sem ser ferido, sem ser marcado pela dor. Orígenes vai dizer que este homem ferido é Adão que desce do paraíso para o campo, chagas feitas pelo pecado, chagas corporais, mas também na alma. Este homem é o povo de Israel que desce para o Egito, a casa da escravidão, a casa do opróbrio.

Porém, não é apenas o homem ferido que desce. Para ajudar o que está caído o samaritano tem que descer, não se ajuda a nenhum ser humano estando no alto, é preciso descer, colocar-se lado a lado, ser companheiro, ser solidário. Participar da desgraça alheia, torná-la sua. Esta é a lógica de Deus. No livro do Êxodo 3, 7 Deus diz para Moisés: “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito... Por isso desci a fim de libertá-lo”. 
Aqui está o sentido da encarnação, o Filho de Deus desce, não por que tenha pecado, mas em solidariedade aos pecadores, desce para erguer o homem decaído. No início da parábola vimos que “um homem desceu...”. Contemplando a cruz podemos dizer que Deus desceu. E quando Deus desce suja as suas mãos, fica também irreconhecível. O salmo 22 lido na perspectiva cristológica afirma: “Quanto a mim, sou um verme e não um homem”. E Isaías 53 diz: “não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar”. 

O homem desceu por causa da sua miséria, Deus desceu pela compaixão para com o homem. A miséria do homem como que “força” Deus a descer e se deixar pregar na cruz. O samaritano, que agora podemos identificar muito bem com Jesus, segundo Orígenes, oferece ao homem caído “o seu animal”, isto é, a sua humanidade, citando mais uma vez Orígenes, por que é na humanidade de Jesus que a divindade carrega a desgraça humana e a vence na cruz. Através do sofrimento e da sua morte Jesus se identificou com o homem caído e fez seu os sofrimentos deste. 

Sabemos que Jesus é possui a natureza divina e a natureza humana, ele é “o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem”. Orígenes afirma que o animal simboliza a humanidade e que é esta que carrega o homem. Isso significa dizer que Deus não quis ser solidário ao homem em sua glória, distante do humano. Mas Deus para nos salvar escolhe o caminho da humanização, a mesma humanidade que está caída Ele a toma para si, veste-se dela, com todas as suas fragilidades, fraquezas, com exceção do pecado, e vestido de humanidade salva o homem. Não é uma humanidade aparente como pensava a seita docetista. É a humanidade em toda a sua crueza. Não é a humanidade de Adão e sim a do homem pecador. 

A compaixão é uma atitude que desperta ação. Antes o samaritano chegou perto, este chegar perto ainda não é uma atitude movida pela compaixão, pode ser apenas uma curiosidade. Somente quem está movido de compaixão pode aproximar-se, fazer-se próximo do outro. Segundo Lucas chegar perto é uma coisa, aproximar-se é outra. É fazer-se próximo, é cuidar do outro. Lembremos de que quem ama cuida. 

Se Orígenes identifica o samaritano misericordioso com Jesus, nós podemos identificar a compaixão com o Espírito Santo. Nos evangelhos percebemos que é o Espírito quem conduz Jesus, é a compaixão quem conduz o Filho de Deus ao encontro dos homens. “O Espírito Santo personifica o amor naquilo que tem de mais desinteressado, demais generoso e de mais entregado, como aquele das mães” (CONGAR)

O samaritano derrama óleo e vinho sobre as feridas. Aqui há uma contradição. Santo Agostinho diz que onde há uma contradição na Sagrada Escritura há uma revelação. Primeiro se derramava vinho para desinfetar a ferida e depois aliviava com o óleo. Mais aqui primeiro vem o óleo e depois o vinho, Orígenes dirá que este óleo e este vinho simbolizam o batismo e a eucaristia. O batismo que nos torna filhos de Deus e a eucaristia que nos alimenta do próprio Deus. Santo Ambrósio dirá que os sacramentos encontram a sua eficácia no mistério da cruz. Os sacramentos são frutos da cruz. E a cruz é a maior doação de Deus na história. 

Orígenes na sua leitura alegórica diz que a hospedaria é a Igreja. A Igreja é o lugar onde o homem caído recupera a sua dignidade. A Igreja é a casa que acolhe os caídos, é o lugar da compaixão. O hospedeiro tem o dever de cuidar do homem caído: “Cuida dele...” dirá o samaritano, “cuidai deles” dirá Jesus para os homens da Igreja. 

E para cuidar deles é preciso procurá-los. Lembremos-nos da vocação de José do Egito (Gn 17 36): “Procuro meus irmãos”. Aqui podemos meditar sobre a missão da Igreja. De início podemos dizer que não se compreende a eclesiologia sem a cristologia e a cristologia precisa da pneumatologia. Isto é, não se compreende a Igreja sem Jesus e não se compreende Jesus sem o Espírito Santo. O Espírito, segundo Paulo, “é o amor de Deus derramado em nossos corações”. No centro de toda a história da salvação esta o amor, a compaixão de Deus. 

Mas se Paulo diz que o Espírito é o amor de Deus, João dirá que o Espírito é o Espírito da Verdade. O Espírito nos leva a toda a verdade. Conhecer a Verdade é fácil, pregar a Verdade é fácil, viver na Verdade, eis a questão. O problema da Igreja não está em conhecer a Verdade, nem em pregar a Verdade, mas sim em viver na Verdade. Os carreirismos, os oportunismos sufocam a Verdade.

E a verdade é que na raiz de toda cristologia está à escandalosa opção de Jesus pelos pobres. Bento XVI dirá: “A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica, naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza”. O rosto sofredor dos pobres é o rosto sofredor de Cristo. 

Neste sentido a Igreja é fiel a si mesma na medida em que é fiel a Jesus e é fiel a Jesus na medida em que é solidaria com os pobres. E jamais ela será solidária com os pobres enquanto estiver preocupada em manter seu “status quo”. A Verdade é que nos precisamos de conversão. Conversão Pastoral é a grande proposta de hoje. 

A conversão pastoral passa pela mudança nas estruturas da igreja, pela mudança nas relações bispos e padres, pela mudança nas relações clero e leigos. A conversão pastoral é tão desafiadora que ficamos naquela de pedir que o outro se converta. Será que não está na hora de se ouvir o clero na escolha dos bispos para as dioceses, será que não está na hora de se consultar os leigos ou os Conselhos de Pastoral das paróquias para a escolha do padre que vai estar a frente daquela comunidade. Ou ainda estamos na ilusão de que impomos e eles depois se acostumam? Quando na realidade muitos não se acostumam e procuram outros grupos cristãos.

Diante do afastamento dos leigos das nossas comunidades fazemos missões para reconquista-los. Pergunto: para colocá-los aonde? Na mesma estrutura que os rejeitou? É preciso reorganizar primeiro a “hospedaria” para que ela seja acolhedora e depois poderemos ir ao encontro dos afastados. 

A espiritualidade do cristão deve ser a da compaixão. Falamos tanto de espiritualidade e tem quem afirme que a espiritualidade do padre é a liturgia, como se esta fosse privilégio apenas do padre e não de todo o povo de Deus. A espiritualidade de todo o Povo de Deus é a compaixão e para o padre é a “caridade pastoral” que se fundamenta na liturgia que não é o lugar do triunfalismo. O triunfo que tanto desejamos e às vezes queremos antecipar na Igreja só vai acontecer quando o samaritano regressar e encontrar o homem, a humanidade em seu perfeito estado. 

No final Jesus faz a pergunta sobre quem foi o próximo daquele homem. O escriba é forçado a dizer que “foi o que usou de misericórdia para com ele”. E Jesus manda que ele faça o mesmo. Segundo Santo Ambrósio a palavra samaritano significa “guardião”. Lembramos aqui da história de Caim e Abel. Deus perguntou para Caim: “Onde está o teu irmão?” Caim respondeu “Não sei. Por acaso sou guarda do meu irmão?”. Nesta parábola Jesus deu a resposta para Caim: “Sim, você é o guarda do seu irmão”. Mas ela vale para todos nós que nos dizemos seus seguidores. Sendo assim não passemos ao largo, mas vamos ao encontro dos que estão caídos. 
Pe. Paulo Sergio A. Gouveia

Papa em exercícios espirituais com Cúria Romana em Arriccia

No primeiro domingo da Quaresma, o Papa Francisco iniciou, juntamente com outros membros da Cúria Romana, os exercícios espirituais que irão até sexta-feira de manhã. 

Os exercícios são pregados pelo P. Bruno Secondin, da Ordem dos Carmelitanos, e terão como fio condutor uma leitura pastoral do profeta Elias: “Servidores e profetas do Deus vivente”.

As meditações têm lutar na Casa Divin Maestro em Ariccia, perto de Roma.

Durante o período dos exercícios ficarão suspensas todas as audiências do Papa, incluindo a audiência geral da quarta-feira, 25 deste mês.(Fonte; Radio Vaticano)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Celebração de Cinzas inaugura tempo quaresmal

Nessa quarta-feira, dia 18 de fevereiro, uma multidão se dirigiu à Catedral de Nossa Senhora da Conceição, para celebrar o início da quaresma, simbolizado pela distribuição das cinzas. O período de preparação para a Páscoa, é marcado por um convite à reflexão e à contemplação dos ensinamentos de Jesus, tendo já prefigurado, a sua paixão, morte e ressurreição, ponto central de nossa fé.

O Bispo de Campina Grande, Dom Manuel Delson, lembrou que a chave para uma exitosa experiência nesse momento é a penitência, “É importante que tenhamos a consciência de nossa pequenez, devemos voltar nossos corações para aquilo que é realmente essencial e renunciar aquilo que é efêmero”, conclui o líder diocesano.

Na oportunidade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) oportuniza aos católicos, uma discussão sobre o seguinte tema: Fraternidade, Igreja e Sociedade, e lema:“Eu vim para servir”, tais mensagens que nortearão os próximos 40 dias das paróquias em todo o Brasil, cuja abertura será no próximo domingo, busca ressaltar a missão da Igreja Católica, enquanto propagadora da justiça e defensora dos valores da vida humana​

Quaresma é sinônimo também de mudança. Na imposição das cinzas, o sacerdote convida a uma conversão ao evangelho, ou seja, à aceitação e a vivência da proposta redentora da salvação. Enquanto comunidade de fé, a Igreja, povo de Deus, é determinante na construção de uma sociedade melhor, multiplicar tal objetivo, é seguir na trilha do maior ideal cristão: o serviço.

Frutífera quaresma a todos nós!

Texto - Emilson Garcia (Pascom Catedral)
Fotos:Pascom Catedral

práticas fundamentais da Quaresma - Pe Jose Assis Pereira Soares.


“Quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti... quando orardes, não sejais como os hipócritas... quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas.” (cf. Mt 6,1-6.16-18)

jejum, são os três pilares da religião, a serem vividos, portanto não só até a semana santa mas no cotidiano de nossas vidas pois definem a nossa relação com os outros (a esmola), com Deus (a oração) e com as coisas (o jejum).
Que sentido têm estes sinais externo? São reflexos da vivência interior? 

Nossa esmola, não deve ser a moedinha que está nos atrapalhando, mas a nossa solidariedade, nossa oração, não deve ser a mera repetição mecânica de fórmulas aprendidas de cor e o nosso jejum não é ficar sem comer um dia para nos fartarmos no outro, tudo deve ser feito no segredo, na intimidade e sob o olhar do nosso Deus, não com propaganda, para ser elogiados pelos outros. O bem só precisa de um reconhecimento: o de Deus que aprova a nossa consciência.

Deus não necessita do que nós demos, digamos ou façamos. Ele necessita de nós, pois em um coração limpo habita o Espírito Santo que o faz bater ao ritmo do Filho para comunicar a todos o amor do Pai.

O lugar do coração é um lugar privilegiado. Mais que escondido ou secreto está em lugar protegido. Os tesouros são conhecidos por todos, mas não vistos por muitos. O coração só é aberto na intimidade, mas seu funcionamento é sentido e reconhecido por toda a exterioridade.

Consagração das famílias encerra 18º Crescer e evento bate recorde de público

Aproximadamente 50 mil pessoas, em um público circulante, prestigiaram a 18ª edição do Crescer – O Encontro da Família Católica nos três dias do evento que começou no último domingo, 15. O encontro foi encerrado no início da noite desta terça-feira, 17, na casa de shows Spazzio, bairro do Catolé, com a Santa Missa e a Consagração das Famílias, celebradas pelo bispo diocesano de Campina Grande, dom Manoel Delson Pedreira da Cruz. 


De acordo com Gustavo Lucena, coordenador-geral do Crescer, “o nosso evento não é só número. Ficamos muito felizes com uma maior adesão do público, mas acreditamos que vamos além. Contamos com a restauração de famílias e o fortalecimento da nossa sociedade perante os valores cristãos”, frisou.

“O Crescer proporcionou para a família católica momentos especiais de oração e reflexão. Aqui se mostra que não existe ambiente melhor para viver o amor do que na família. Quando abrimos o coração pra Jesus, tudo se transforma”, destacou o bispo diocesano de Campina Grande, dom Manoel Delson. 

A 19ª edição do Crescer terá um dia a mais e acontecerá de 6 a 9 de fevereiro de 2016. Para o evento já se tem confirmado o retorno do Padre Chrystian Shankar, da Diocese de Divinópolis (MG), sucesso na edição de 2015.



Assessoria de Imprensa
Rodrigo Apolinário

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Público do 18º Crescer deve chegar a 45 mil pessoas

Público do 18º Crescer deve chegar a 45 mil pessoas até o encerramento do encontro. Em dois dias de evento, o 18º Crescer já reuniu um público circulante de aproximadamente 30 mil pessoas. Mas a expectativa da coordenação do evento é que esse número chegue a 45 mil até o encerramento do encontro que acontece no final da tarde desta terça-feira, dia 17, na casa de shows Spazzio, no bairro do Catolé, em Campina Grande.

As pessoas que participam do evento destacam potencialidades do Crescer. “Eu gostei, a organização está ótima e o encontro é muito animado”, destacou a postulante das Filhas da Caridade, Tainá Furtado, que participa pela primeira vez do Crescer.

Ana Maria Dias, da Paróquia Sagrada Família, em Campina Grande, falou que foi sensibilizada por uma das pregações. “O Padre Adriano Zandoná na tarde desta segunda-feira me fez refletir bastante. Ele falou pra gente resgatar a oração e buscar Deus em nossa família. Isso foi muito forte para mim”, frisou.

A programação do 18º Crescer continua na manhã desta terça-feira com Recitação do Terço; Oração da Manhã; Pregação “Transforme a sua casa em um ninho de amor”, pelo Padre Chrystian Shankar; Procissão, Adoração e Bênção com o Santíssimo Sacramento.

Já à tarde, a partir das 14h, será realizada a Oração da Tarde; Pregação “A família como Deus criou”, pelo Padre Adriano Zandoná; Ação Social; Santa Missa presidida pelo bispo diocesano de Campina Grande, Dom Manoel Delson; a Consagração das Famílias; e a Solenidade de Encerramento. Rodrigo Apolinário - Assessoria de Imprensa do Crescer.


























18º CRESCER

18º Crescer tem pregação com Padre Adriano Zandoná, da Canção Nova (SP), na tarde desta segunda-feira, dia 16. As pregações do 18º Crescer – O Encontro da Família Católica continuam a partir das 14h30 desta segunda-feira, dia 16, com o tema “Jovem, sua santidade glorifica a sua casa” pelo padre Adriano Zandoná, da Comunidade Canção Nova – São Paulo.


Às 16h o bispo diocesano de Caruaru, Dom Bernardino Marchió, celebra a Santa Missa. Já às 18h, o evento realiza mais uma edição do “Crescer na Alegria” com o show Teto Elétrico.


Na manhã deste segundo dia de evento, os destaques foram a adoração, procissão e bênção do Santíssimo Sacramento e a pregação do Padre Chrystian Shankar. A partir do tema “Ainda há esperança para a sua família. Não desista dela”, o sacerdote refletiu sobre problemas conjugais e o respeito à história particular de cada ser humano.




“Não desista da sua família, depois de Deus é o bem mais precioso”, destacou o padre, estimulando os fiéis. “Tem que haver diálogo. Cada um de nós tem uma história. Quando acaba o respeito, acaba o casamento”, frisou Shankar que terá mais uma pregação nesta terça-feira, dia 17, pela manhã.  O 18º Crescer acontece na casa de shows Spazzio, no bairro do Catolé, em Campina Grande.


Rodrigo Apolinário.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

PALESTRA PROFERIDA NO RETIRO DE CARNAVAL NA PAROQUIA DE AREIAL SOBRE O PROFETA ISAÍAS -Pe. Paulo Sérgio A. Gouveia


Profeta é aquele que é chamado para anunciar, falar em nome de. Ele fala sobre a Palavra criadora, ou seja, fala da Palavra divina. Um destes foi o profeta Isaías. A vocação profética de Isaías deu-se no Templo, no ano 742 a.c. Sua missão desenrola-se no trabalho da guerra entre os Sírios e a tribo de Efraim (734 -733 a.c) e da queda do reino de Israel (722 a.c) sob os reis de Judá Acaz e Ezequias. São por isso compreensível os temas políticos de sua mensagem. O tema fundamental de sua profecia é a santidade de Deus, a qual deve corresponder no homem à fé.

Na história da salvação há dois fatores a fé- confiança e a incredulidade. O primeiro traz a vida e o segundo a destruição. Como Israel persiste na incredulidade o profeta abre caminho para uma reflexão baseada no “resto de Israel”, continuador da história da salvação e sinal da fidelidade de Deus às promessas. Um profeta é sempre fruto do seu tempo, é um homem da Palavra e da história. 

No início de toda missão profética há sempre um encontro com Deus. Uma experiência de Deus que transforma toda a vida d’aquela pessoa. Geralmente esta experiência de Deus nasce do foco da missão profética e é algo pessoal. No caso do nosso profeta Isaías nasceu da consciência da santidade de Deus. Talvez por que Isaías era uma pessoa ligada ao Templo. Então era muito forte a ideia de puro/impuro. Esta experiência está descrita em Isaías 6, 10. 

Mesmo que o texto descreva como algo que aconteceu em um único momento esta experiência de Deus vai se dando por etapas. No início há um revelar-se de Deus como um relâmpago no horizonte da vida do profeta, um clarão tão forte que o deixa no escuro, depois vem o desdobramento desta experiência.

Isaías está no Templo participando de uma liturgia e de repente ele tem um encontro com a majestade de Deus onde os seus anjos proclamavam a sua santidade. O profeta tem a certeza existencial de que somente Deus é santo. Esta experiência foi algo tão forte para Isaías que ele vai sempre chamar a Deus de “o Santo de Israel” (I, 4; 5, 19.24; 10, 17.20; 41, 14.16.20).

Isaías contempla a santidade de Deus e olha para si e para seu povo. Sente a distância que há entre aquele que é o Três vezes santo e a sua pessoa. Diante desta santidade de Deus Isaías se sente impuro, pecador. Se Deus é santo o homem deve também buscar o caminho da santidade. Mas Isaías é um homem impuro: “homem de lábios impuros e que vive no meio de um povo de lábios impuros”. 

A consciência da santidade de Deus causa no profeta um impacto, um terremoto, podemos dizer que o desarticula até a medula, o desnorteia. O que fazer? Fugir da presença de Deus como fez os nossos primeiros pais? (Gen 3), ou enfrentar os próprios limites, o orgulho e com a ajuda de Deus vencer a barreira que o separa do seu Senhor, a sua impureza? 

Aqui há duas possibilidades, ou o homem nega a sua condição de impuro e persevera no seu orgulho se distanciando de Deus e tratando-o como se ele não existisse, ou o homem toma consciência de sua miséria e coloca-se diante de Deus como o leproso do evangelho: “Senhor se quiseres podes me purificar”. É um momento tenso na vida de cada pessoa, tenso por que decisivo. Desta decisão pode depender toda a razão de sua existência. 

Mas há outra possibilidade por demais perigosa. É a que o homem faz de conta que tudo está certo, que o encontro com Deus apenas confirma aquilo que a pessoa já imaginava. Não há abertura para conversão, por que a pessoa já é boa demais. E Deus é bonzinho e só vai lhe trazer paz. É a teia psicológica que todo religioso pode cair e terminar criando um ídolo para si. 

Por que na experiência de Deu o homem está diante da Palavra, a mesma que o criou e que o sustenta e que, como diz o evangelho de João, “vindo a este mundo ilumina todo homem”. A Palavra é luz que invade as nossas trevas, as cavernas do nosso coração, que desfaz as nossas mentiras. Neste momento de iluminação o homem sente uma angustia muito grande, pois cai por terra a “imagem perfeita” que ele tinha de si mesmo. 

Quantas vezes Isaías foi ao templo adorar a Deus, depois de fazer todas as purificações, se sentindo em paz consigo mesmo, santo e de repente em um belo dia a majestade de Deus o faz perceber que na realidade ele é um homem como qualquer outro da sociedade, um homem de lábios impuros. Nada mais horrível na vida de um ser humano do que as seguranças religiosas, o pensar que já está pronto, o imaginar-se o melhor. A presença de Deus derruba todas estas falsas ideias e como isso é doloroso na nossa caminhada. 

Todo caminho de espiritualidade para ser autêntico deve passar por esta experiência de sentir-se distante de Deus. Ela é necessária. Se não acontece caímos na ilusão espiritual e não crescemos. Lembremos-nos de Jeremias, ele fez também a experiência com a Palavra, mas em certo momento ele diz “a palavra de Deus se tornou para mim causa de vergonha”. Aqui está o eco mais doloroso do encontro com a Palavra. 

Mas é nesta experiência dolorosa que Deus nos prepara e está preparando Isaías para ser profeta, para transmitir a sua palavra. Acontece com Isaías o mesmo que aconteceu com o povo de Israel (Deut 8, 2-4). Sem as “humilhações de Deus” ninguém pode estar preparado para ser portador da Palavra, sem a experiência da própria indigência, da própria necessidade de pedir perdão ninguém pode conduzir a Palavra de misericórdia. 

É preciso sofrer a Palavra, por que ela é um fogo que devora. O profeta precisa vivenciar este fogo, sentir que a própria pele está sendo queimada para poder dizer algo para seus irmãos. Quantas pregações moralistas que escutamos por ai, e de imediato percebemos que o irmãozinho não tem experiência com a Palavra e por isso o primeiro que vai se afogar nela será ele mesmo, por que ele não sofreu a Palavra.

Mas continuemos com Isaías. Ele toma consciência de que é um homem impuro. É a fase dolorosa do processo de purificação. A Bíblia o resume em poucas palavras “sou um homem de lábios impuros”. Mas não podemos menosprezar o drama vivido pelo profeta diante da sua realidade pessoal de impureza. Com certeza neste momento ou momentos devem ter passado todo o filme da vida de Isaías, todas as suas infidelidades, agora elevadas a um grau muito grande devido a contemplação da pureza de Deus. 

O profeta deve ter pensado: “quem sou eu diante dele?” Como me colocar de pé diante dele. Moisés baixou o rosto, a bíblia não afirma, mas Isaías também deve ter baixado o rosto. A luz que emana de Deus revela a escuridão da alma. Mas neste momento o que fazer? Nada acontece por acaso. Se Deus me ilumina é que ele quer que eu seja luz. Qual decisão que o Senhor esta forçando o profeta a tomar senão o de vir para a luz. Vindo para a luz acontece a vitória de Deus e a vitória do homem. No grito angustiante de que não sou nada surge o tudo de Deus. No momento em que a pessoa pensa que esta se esvaindo Deus o está recriando. 

Deus o recria purificando-o. E declara que a sua iniquidade foi removida e o seu pecado perdoado. Na realidade Deus quer dizer: “Olha Isaías, você viu a minha glória, mas nunca esqueça que você é um pecador, que eu purifiquei você e que se eu vou mandar você pregar a minha Palavra, denunciar os pecados do meu povo através de você, mas nunca esqueça que o primeiro impuro é você, quem primeiro precisa ouvir a minha Palavra e ser purificado é você”.

Deus toma a vida do profeta como modelo para a vida do povo. Daqui nasce à necessidade de “sofrer a Palavra”, de sentir a impotência humana em viver a Palavra, perceber as contradições da vida em relação à Palavra. Ela é muito maior do que eu. Somente quem passa por essa situação é quem pode dizer alguma coisa sobre a Palavra. 

Mas por que precisamos disso? Porque se a Palavra é poderosa, ela só é poderosa por que ela é humilde. No seu cântico Maria disse “Ele olhou para a humildade de sua serva”. Somente os humildes é quem podem ser portadores da Palavra. Por isso, que a Palavra antes de tudo deve nos humilhar, no sentido de nos colocar “em atitude de humilde”.

Precisamos de atitudes de humildade por que o verdadeiro profeta “não clamará, não levantará a voz nas ruas, não quebrará a cana rachada, não apagará a mecha bruxuleante”. Será humilde, pois a sua força estará na fidelidade a Palavra. 

Depois desta purificação a Isaías se dispõe a anunciar a Palavra. Surge o “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Agora sim, Deus envia o profeta. Este começa a sua missão. Porém, Deus não engana o profeta, nos versículos seguintes (6, 9-10) Deus alerta o profeta sobre o fracasso da sua missão. A pregação de Isaías embaterá na incompreensão de seus ouvintes. O profeta não deve ter ilusão. Deus não quer a incompreensão do povo, mas ele a prevê e ela serve aos planos de Deus. Esta incompreensão descobre o pecado do coração do povo. Deus revela ao seu profeta que a sua missão será dura, difícil. Mas esta dificuldade será apenas uma etapa da missão. 

Aqui convido a ler todo o capitulo 53 de Isaías. O servo sofredor é o profeta, é todo aquele que anuncia a Palavra. O profeta terá que “passar pela água, passar pelo fogo e o mais incrível não se queimará”. Mas ele não se queimará por que já foi queimado pelo fogo do Senhor. 

Terá que viver o cansaço, a decepção causada pela recusa da Palavra “Mas eu disse foi em vão que me fatiguei, debalde, inutilmente gastei as minhas forças”. Mas será por meio do profeta que “o desígnio de Deus há de triunfar. Após o trabalho fatigante da sua alma ele verá a luz e se fartará” (53, 10-11). Ele sabe que a Palvra não volta atrás. Ela sempre dá seus frutos (Is 55, 11). 

Toda a caminhada do profeta é a caminhada da Palavra, o profeta está intimamente unido ao destino da Palavra. Vemos que a Palavra de Deus é tão rica, tão poderosa e maravilhosa, mas também tão desafiadora. Ser profeta é estar na periferia do mundo, é viver da fé, da certeza da vitória sobre o mal, pois no final de tudo o triunfo será da Palavra. Custe o que custar no final o triunfo será da Palavra e com a Palavra o triunfo será do profeta.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

HOMÍLIA DO SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - Pe Paulo Sergio Gouveia


O evangelho deste domingo começa afirmando que “um leproso chegou perto de Jesus”. Na realidade não foi o leproso quem chegou perto de Jesus e sim o Senhor quem chegou perto do leproso. Quem é este leproso? Todo homem marcado pelo pecado e que por isso perdeu a sua dignidade. Somos todos nós. Não é o homem quem vai ao encontro de Deus e sim Deus quem vem ao encontro dos homens.

Na realidade podemos afirmar que este evangelho é a síntese de toda a obra da redenção trazida por Jesus. Depois do pecado dos nossos primeiros pais perdemos a primeira veste e a nossa pele foi desfigurada pela lepra do pecado. Como afirma a primeira leitura, já não podemos habitar no acampamento, por isso fomos expulsos do paraíso, ficamos isolados da comunhão com Deus. Aqui está a grande consequência do pecado “ficar isolado e morar fora do acampamento”. 

A ideia do “morar fora do acampamento” tanto tem o sentido do paraíso perdido, da comunhão com Deus que foi rompida, do céu fechado para o homem, como também, podemos compreender a atitude de quem mora fora de si mesmo, na condição de homem dividido, que não consegue mais ter interioridade, espiritualidade, que vive fora de suas energias interiores, sem conseguir estabilizar a sua identidade. 

Lembro aqui de um personagem bíblico, Josué, que segundo o livro do êxodo (33,11) estava sempre na Tenda da Reunião, lugar do encontro com Deus, nunca se afastava desta tenda. Lembro também de Jacó que era um “homem tranquilo morando sobre tendas” (Gen 25, 27), mas lembro de Dina, filha de Jacó, que um dia se afastou da tenda (Gen 31,1) e foi abusada pelos siquemitas. Longe da tenda do encontro com o Senhor, fora do acampamento, não podemos encontrar tranquilidade, serenidade para dar sentido à vida. 

Podemos nesta liturgia meditar sobre a nossa “localização existencial cristã”. Quando Adão e Eva pecaram, se esconderam de Deus e ai o Senhor perguntou: “Adão onde estas?”. Onde estou? No acampamento ou fora dele? Estou andando a “esmo” como disse Satanás a Deus no livro de Jó? 

Mas um dia este homem leproso tem um encontro com Jesus, o Filho de Deus, que também saiu da Tenda do seu Pai no céu, não por que tenha pecado, mas saiu para vir ao encontro do homem pecador. Cristo se fez pecado para, assumindo o nosso pecado, nos livrar dele. É justamente isso que vamos encontrar no relato do evangelho. Um leproso está diante de Jesus, à criatura diante do criador, o doente diante do médico, a miséria diante da misericórdia, o desespero diante da esperança, o ódio diante do amor. Podemos imaginar aqui como deve ter sido o olhar contemplativo de Jesus sobre este homem. O artista ver a sua obra que havia criado bela, mas está desfigurada, quase não a reconhece mais. Mas ele não a rejeita, pelo contrário veio em busca dela, o bom pastor encontra a sua ovelha e sente por ela um profundo amor. Jesus tem o remédio certo para curar sua ovelha, para livrá-la da lepra e este remédio é a compaixão. 

Poderia ter curado o leproso apenas com o seu olhar, ou com sua palavra, mas fez muito mais do que isso, por que tudo para o amor é possível, o amor não se contenta com o mínimo, ele dar tudo, ele faz tudo e o amor e a compaixão de Jesus é enorme. E ai o Senhor “não perde tempo”, se precipita para o leproso, estende a mão e o toca, Ele quer sentir a espessura das feridas, sentir o resto de vida que aquele corpo dominado pelo pecado ainda tem. 

A Pureza carregada de compaixão toca na impureza e a compaixão faz com que a impureza seja destruída, faz com que a ordem da criação seja colocada mais uma vez em ordem e que o homem recupere a sua primeira veste, sua dignidade original. Orígenes diz que “ao estender a mão para tocar no leproso a lepra desapareceu; a mão de Jesus não encontrou a lepra e sim um corpo curado”. Vamos pensar assim: o amor de Jesus foi tão grande por aquele homem que no espaço entre o olhar e o tocar o mal desapareceu. São João Crisóstomo diz “não foi à mão do Senhor que foi contaminada pela lepra e sim o leproso é que foi purificado pela mão divina”. 

Pensemos em nós, em nossas impurezas, olhemos para Jesus e deixemos que ele nos olhe, nos ame com o seu olhar e nos envolva com a sua compaixão e destrua também “as lepras” que ainda insistem em permanecer em nossas vidas. Com certeza ele o fará, por que foi para isso que Ele veio

"Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar".(cf. Mc 7,31-37) Pe. Jose Assis Pereira Soares

Esta passagem evangélica da cura do surdo-mudo nos dá a resposta. Trata-se de um surdo-mudo: uma pessoa que não pode desfrutar do som, que não pode desfrutar da música; uma pessoa que não é capaz de dizer: “te amo”, "te quero", "obrigado", "conta comigo"... Que grande desespero não poder ouvir nem falar! Este é o que espera o milagre. 

Talvez alguém por sinais lhe falou de Cristo. Espera sua cura e talvez a imagina: “dirá algo e ficarei curado”. Mas, não acontece como foi planejado. “Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: ‘Efatá’, que quer dizer: ‘Abre-te!’” 

Este milagre mostra tudo o que o Senhor quer realizar em cada ouvinte da Palavra. Somos ouvintes seletivos de sua Palavra. Como criaturas, damos só que recebemos e dizemos só o que ouvimos. Jesus nos devolve a capacidade de ouvi-lo e de dialogar com Ele.


Nós também somos surdos espirituais, quando não queremos ouvir a voz da razão, quando não ouvimos a Palavra de Deus, quando recusamos os conselhos que nos são dados por pessoas que querem o nosso bem. 


Somos mudos espirituais porque nunca falamos com Deus na oração, raramente confessamos os nossos pecados ou pedimos perdão, não nos preocupamos em dar uma palavra de encorajamento ou orientação ou anunciar Jesus ao mundo. 


O milagre do surdo-mudo ilustra nossa trajetória de fé: Jesus nos toca com suas mãos, toca nossos ouvidos, pois osmos aquilo que ouvimos, ouvintes de Jesus; toca nossa língua com saliva, simbolo do Espírito. Cada um de nós é chamado a percorrer o caminho do surdo-mudo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Voluntários do 18º Crescer participam de treinamento promovido pela Vigilância Sanitária

Mais de 20 voluntários da 18ª edição do Crescer – O Encontro da Família Católica participaram nesta segunda-feira, dia 9, de um treinamento especializado para a manipulação e o armazenamento de bebidas e alimentos. A formação foi ministrada por técnicos da Gerência de Vigilância Sanitária (Gevisa) do município de Campina Grande.

O treinamento foi realizado no Centro Católico de Formação, no centro da cidade, um espaço da Comunidade de São Pio X, organizadora do Crescer. Dentre os voluntários participantes estavam coordenadores e membros das equipes de lanchonete, cozinha e estoque do evento. 

“Como o Crescer está mudando para um local maior, a nossa perspectiva é que o público aumente e por isso temos que tomar ainda mais cuidado na manipulação e armazenamento de bebidas e alimentos. Essa formação mostra o nosso compromisso em oferecer serviços de qualidade no evento”, destacou Edivonaldo Araújo, membro da comissão de organização do encontro.

Dentre as novidades da edição deste ano está um restaurante com serviço self-service. Segundo a comissão de organização, a proposta é oferecer opções para que os participantes possam se sentir a vontade para passar o dia no evento. 

A 18ª edição do Crescer acontece de 15 a 17 de fevereiro na casa de shows Spazzio, no bairro do Catolé, em Campina Grande. Na programação estão confirmados: o Santo Terço; Pregações; Oração da Manhã; Procissão, Adoração e Bênção com o Santíssimo Sacramento; Ação Social; Crescer na Alegria; Santa Missa e Consagração das Famílias. 


Rodrigo Apolinário
(83) 8853-8087

As aparições de Nossa Senhora de Lourdes


As aparições de Nossa Senhora de Lourdes começaram no dia 11 de fevereiro de 1858, que apareceu quando Bernadette Soubirous, camponesa com 14 anos na gruta de Massabielle, cerca de uma milha da cidade. A "dama" que lhe sorriu também apareceu em outras ocasiões até os dezessete anos.

A mensagem que a Santíssima Virgem deu em Lourdes, pode ser compreendida em alguns pontos principais: o dogma da Imaculada Conceição, que tinha sido declarado quatro anos antes pelo Papa Pio IX (1854), a importância da oração, da penitência e da humildade como a Virgem mesmo pede: “Reza a Deus pelos pecadores! Penitência! Penitência! Penitência!”, o zelo e dedicação na recitação do Santo Rosário e a necessidade de conversão.

Hoje também celebramos o dia mundial do doente o tema da mensagem do santo Padre o Papa Francisco para este ano convida-nos a meditar uma frase do livro de Jó: «Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo» (29,15). “Nestas palavras de Jó evidencia-se a dimensão de serviço aos necessitados por parte deste homem justo. [...]

Também hoje quantos cristãos dão testemunho – não com as palavras mas com a sua vida radicada numa fé genuína – de ser «os olhos do cego» e «os pés para o coxo»! Pessoas que permanecem junto dos doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavar, vestir e alimentar. Este serviço, especialmente quando se prolonga no tempo, pode tornar-se cansativo e pesado; é relativamente fácil servir alguns dias, mas torna-se difícil cuidar de uma pessoa durante meses ou até anos, inclusive quando ela já não é capaz de agradecer. E, no entanto, que grande caminho de santificação é este! Em tais momentos, pode-se contar de modo particular com a proximidade do Senhor, sendo também de especial apoio à missão da Igreja.[...]

O tempo gasto junto do doente é um tempo santo. 
Com fé viva, peçamos ao Espírito Santo que nos conceda a graça de compreender o valor do acompanhamento, muitas vezes silencioso, que nos leva a dedicar tempo a estas irmãs e a estes irmãos que, graças à nossa proximidade e ao nosso afeto, se sentem mais amados e confortados.
 
Confio este Dia Mundial do Doente à proteção materna de Maria, que acolheu no ventre e gerou a Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, nosso Senhor. [...]

Ó Maria, Sede da Sabedoria, intercedei como nossa Mãe por todos os doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos, no serviço ao próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento, acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração.” (Papa Francisco)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Pregador do 18º Crescer é destaque em coluna na Revista Época, da Editora Globo


O padre, apresentador e escritor Chrystian Shankar, pregador da 18ª edição do Crescer – O Encontro da Família Católica, que acontece de 15 a 17 de fevereiro, na casa de shows Spazzio, bairro do Catolé, em Campina Grande, organizado pela Comunidade de São Pio X, é um dos destaques da coluna assinada pelo jornalista Felipe Patury na Revista Época, da Editora Globo. 

A coluna trouxe, neste mês de fevereiro, uma nota produzida pela também jornalista Teresa Perosa comentando as perspectivas do sacerdote como escritor. “O padre e apresentador Chrystian Shankar, sucesso de audiência da emissora Canção Nova, lançará em fevereiro o primeiro de uma série de cinco livros com reflexões sobre parábolas da Bíblia”, escreveu a jornalista. 


A nota diz ainda que “um milagre explicaria sua vocação para a literatura. Só no ano passado, Shankar escreveu uma série de quatro volumes sobre ‘o poder da oração’”. Segundo a jornalista, o sacerdote “ficou conhecido em 2012, quando seu sermão amoroso ‘Dez conselhos para quem deseja arranjar alguém’ teve 1,4 milhão de acessos no YouTube”. 

Além do padre Shankar, o 18º Crescer terá pregações do padre Adriano Zandoná (Canção Nova – SP) e do missionário da Comunidade de São Pio X, Gustavo Lucena. O evento também contará com participações dos padres Nilson Nunes (Santuário da Mãe Rainha - João Pessoa - PB), José Aldevan Guedes Pereira (Paróquia Nossa Senhora das Graças – Campina Grande), bem como Ednaldo Gomes (Paróquia de Santa Ana e São Joaquim - Barra de Santana - PB).


A 18ª edição do Crescer já têm presenças confirmadas do Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, e dos Bispos Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz (Diocese de Campina  Grande), Dom Bernardino Marchió (Diocese de Caruaru – PE), Dom Eraldo Bispo da Silva (Diocese de Patos – PB) e Dom Genival Saraiva (Emérito da Diocese de Palmares – PE).



Rodrigo Apolinário
(83) 8853-8087

“E todos quantos o tocavam ficavam curados”. (cf. Mc 6, 53-56) - Pe. José Assis Pereira Soares


O evangelho nos mostra hoje Jesus curando os enfermos que se lhes apresentam. Sabemos que os médicos curam os doentes graças ao seu conhecimento da medicina. Jesus cura pelo poder divino que tem e levado sempre por seu amor. Cura aos que têm doenças físicas e a todos nós nas enfermidades da alma. 

Mas, as multidões procuram o pão, procuram a cura, e se esquecem da conversão do coração, da adesão à pessoa de Jesus Cristo, do perdão dos pecados. Quanta gente, ainda hoje espera de Jesus que Ele traga a salvação exterior, fácil, obtida simplesmente “tocando-lhe as vestes”, recitando uma oração, cumprindo uma prática religiosa e devocional externa, ou talvez entrando num grupo religioso. 

Desde que morreu e ressuscitou Jesus segue realizando o milagre de convencer a milhões e milhões de homens e mulheres para que deixem sua vida anterior e iniciem uma nova vida mais sã e saudável. Realiza o milagre de trocar nosso coração de pedra por um coração de carne para que bata ao ritmo de seu coração, para que tenhamos seus mesmos sentimentos, para que em todo momento raciocinemos como Cristo ante o ódio, a paz, a violência, o orgulho, a tristeza, a morte, o dinheiro, a enfermidade...

É o milagre da salvação, da transformação do homem velho no homem novo. Cristo nos faz viver melhor. A salvação é profunda, interior e radical: cura as profundezas do coração. As outras curas são apenas sinais: da vontade de Cristo de dar-nos a verdadeira salvação, a salvação total. Jesus quer colocar seu poder, sobretudo a serviço do coração.Toca-nos Senhor e cura o nosso coração egoísta, fazendo-nos homens e mulheres novos.

Na Catedral de Campina Grande: Pe Luciano diz que fiéis devem pregar com oração e atitudes solidárias, ajudando os irmãos que sofrem

O padre Luciano Guedes da Silva, pároco da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, no centro de Campina Grande, afirmou, durante Missa celebrada neste domingo (08) que os fiéis devem evangelizar com muita oração e, acima de tudo, atitudes solidárias, ajudando os irmãos que sofrem. Esta foi a mensagem contida no Evangelho de São Marcos, na Liturgia da Palavra deste domingo.

“Nós somos pregadores de uma palavra abstrata. A nossa evangelização não pode ser um discurso que passa por cima da cabeça das pessoas. Nossa palavra pregada precisa ser uma palavra que toca a realidade interior, vivida por cada pessoa. Uma evangelização que vai ao encontro dos pequenos, dos que sofrem”, destacou o padre.

Segundo ele, a nossa pregação “precisa ser acompanhada pela atitude solidária de irmos ao encontro das pessoas, ir à casa das pessoas, ir à habitação das pessoas”. Padre Luciano alertou para o fato de que o Evangelho de São Marcos aponta para uma igreja sempre missionária, pronta para evangelizar. “Quando Jesus é procurado pelos discípulos, avisa a eles: ‘é preciso ir a outras aldeias, porque foi para isto que eu vim’”.

O pároco lembra que os sinais de Jesus contidos no Evangelho deste domingo, como a cura da sogra de Pedro e de tantas outras pessoas em Cafarnaum, e a presença de Jesus no meio do povo, nos sugerem o que devemos ser enquanto seguidores de Cristo.

“Vamos rezar para que nossa vida, nosso testemunho de fé seja sempre marcado pela nossa solidariedade com os que estão doentes, com os que estão enfermos, cansados, com toda a humanidade que está ferida de dor e que deseja abrir-se para a fé em Deus, porque toda pessoa que é curada por Jesus é curada para servir, para tornar-se também um discípulo, um missionário, um proclamador da Sua palavra”, disse Pe Luciano.

Poder da Oração – Pe Luciano lembrou que é através da oração que conseguimos realizar o que Jesus nos pediu. “Vamos rezar neste domingo pela nossa evangelização, nossa necessidade de ir ao povo que sofre. Que nossa evangelização seja marcada pela força do Evangelho, que dá às pessoas a percepção de que Deus as acompanha e as cura de seus males e as faz servidoras e evangelizadoras dos povos”.

Ele alertou para a falta de oração, que pode prejudicar a vida dos cristãos. “Não nos esqueçamos da necessidade sempre de rezar. Sem a oração, aquele que prega a palavra pode se tornar tentado a ser ele mesmo o centro da ação. E o centro da ação é Deus. A oração é condição indispensável para redobrar as forças e partir sempre para a missão”.

Ele lembrou palavras do papa João Paulo II, em exortação à oração. “Para João Paulo II, a oração era o primeiro serviço. Vamos, com a vida alimentada pela Palavra, pela Eucaristia, redobrar as forças dos que estão doentes, dos que estão sofrendo, dos que estão enfermos. Sejamos bons evangelizadores nesta semana, para que se fortaleça em nós a força de Deus, que nos faz levantar para servir a Deus e ao Seu reino”.

Pascom – Catedral
Informações:
Professora Áurea Ramos Araújo: (83) 8857-5600,
Coordenadora da Pastoral da Comunicação – Pascom da Catedral
Telefone da Catedral: (83) 3321-3140
catedralcg.org.br

sábado, 7 de fevereiro de 2015

A arte de pertencer e servir a Deus - Wilde Fábio

Ou a arte realiza a comunicação ou ela não realiza a sua missão. Meu nome é Wilde Fábio. Eu sou cearense. Com 11 anos de idade tive minha primeira experiência com Deus e, aos 17 anos, eu conheci a Comunidade Shalom. Sou celibatário e sou responsável pelas artes nessa comunidade.

Eu acredito que, com o passar dos anos, vamos fazendo uma leitura da música na história, na Igreja. Vou partilhar sobre a arte de servir a Deus e sobre a minha experiência de vida.
Um dia todos nós fizemos uma experiência com Deus e, a partir daí, surgiu um desejo enorme de servi-Lo de todas as formas. No início, na missão na Shalom, eu achava que eu tinha Deus e que as outras pessoas é que precisavam de mim.

Quando nós trabalhamos com a arte entramos em contato com os nossos limites e estes vão fazendo com que nos decepcionemos. Cada um de nós vive esse processo de decepção de algum modo. Muitas vezes, nós olhamos para a arte, para o público e para a plateia e pensamos: “Dou tudo o que eu tenho, mas o que eles me dão em troca é insuficiente para me realizar como pessoa”.

Então comecei a ver que, por trás da sede de evangelização, havia a sede de  “eu preciso do público”, porque eu achava que isso tinha que ser confirmado. E como artistas esse anseio é mais latente em nós, porque queremos nos dar ao outro. Esse anseio faz parte do mais profundo desejo de ser de Deus.

Deus nos criou para Ele, não para nós mesmos, mas sim para os outros. Por isso nós temos esse desejo; o desejo de que as pessoas sejam tocadas por aquilo que fazemos. Ou a arte realiza a comunicação ou ela não realiza a sua missão.

Antes de vir para a pregação, eu me encontrei com o monsenhor Jonas. E ele me disse: “Diga aos músicos que sejam músicos em ordem de batalha”. Meus irmãos, é tempo de nós sairmos da ingenuidade. Mais cedo ou mais tarde, o músico amadurece e cresce na capacidade de administrar seu ministério e sua história para conseguir ser músico em ordem de batalha.

Nós, músicos católicos, temos que assumir o nosso lugar diante do mundo como homens e mulheres de Deus. Contudo, muitas vezes, não fazemos isso porque nos perdemos nos desgastes da própria missão.

Quando falamos de santidade, geralmente falamos de forma romântica, como se fosse algo do futuro. Precisamos entender que Deus já está no meio de nós e que nós, músicos, precisamos assumir o nosso lugar! Precisamos nos dedicar ao movimento de empreender a música católica.

Uma coisa importante é ter identidade. Os músicos com mais anos de experiência têm uma identidade, mas os mais novos precisam ter sua identidade. Você precisa saber quem é você! O que Deus quer para o seu ministério? O que Deus lhe pede?


A sua alma quer eternidade, ela quer Deus. Ela não vai se contentar nunca neste mundo com CDs, DVDs, etc. Você anseia por Deus! A arte católica não se justifica apenas profissionalmente, porque o coração quer mais. O dinheiro que a pessoa recebe por aquilo que ela está fazendo não basta, não sacia, não realiza. Sua alma quer mais! É preciso redescobrir o seu ministério.

Eu posso viver uma relação de “tirania” com o meu público se eu exigir dele o que ele não pode me dar. Uma relação precisa valer a pena para as duas partes. Se você identifica esse tipo exigência em seu interior, eu o questiono: Que tipo de tirania você está vivendo? Isso quer dizer que você se perdeu em si mesmo.

Somos responsáveis pela nossa vida. As nossas decisões vão sendo construídas ao longo de nossa história, e a graça de Deus entra em todas elas: na parte financeira, espiritual, na produção, entre outros.

Nós, artistas, temos necessidade de plenitude, de inteireza. Não podemos nos contentar em ser 50% isso ou aquilo; precisamos assumir a nossa arte e a nossa missão plenamente.

Em nenhum país do mundo há as expressões artísticas que o Brasil possui. Você não pode viver o seu ministério como um fardo, um peso, e se ele estiver assim, dê uma pausa nele e procure Deus, porque Ele lhe deu o seu ministério para o realizar e o fazer feliz. A unidade precisa crescer entre os músicos católicos, entendendo que o outro tem uma espiritualidade diferente da nossa e que somos irmãos. Por isso é preciso cuidar dele e protegê-lo.

A responsabilidade de seu ministério está em suas mãos. Saiba que ser, hoje, “um músico em ordem de batalha” também significa saber como funciona o mercado musical no Brasil, como se faz uma boa produção e todas as coisas que fazem parte da nossa vida de músicos.

Deus também fala conosco por intermédio do mercado cultural de forma simples. Onde hoje está a “bola da vez” no mercado? Está no artista. Hoje funciona assim. Somos artistas deste tempo e Deus nos chama a encarnar o Evangelho na atualidade.

Responda ao chamado de Deus na sua vida com responsabilidade e sem medo. Não dá mais para “brincar” de música católica, fazendo amadorismo. Nós teremos muito mais para dar ao outro se nos unirmos e vivermos aquilo que o Senhor nos chama a viver com santidade e seriedade.

Resumindo: no primeiro momento nós descobrimos que as pessoas precisam de nós. No segundo momento, fazemos a descoberta de que nós precisamos delas. E, no terceiro, descobrimos que precisamos uns dos outros. E para isso é necessário santificar a arte. A santificação da arte se dá no outro.

Deus não usa ninguém. Quando Ele nos chama a realizar algo o primeiro alvo da misericórdia somos nós. Quando Deus o chama para uma missão, Ele pensa em você. O seu ministério precisa ser um lugar de encontro com Deus! (fonte http://eventos.cancaonova.com)