“Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica." Tua esposa,
Isabel, vai ter um filho e lhe darás o nome de João. Tu ficarás alegre e
feliz e muita gente se alegrará com o nascimento do menino porque ele
vai ser grande diante do Senhor”. (cf. Lc 1,5-25)
Lucas ao narrar o
anúncio do nascimento de João, o Batista quer que os seus leitores
compreendam que João, filho de Zacarias e Isabel, seja uma das
personagens destinadas a marcar uma etapa decisiva na história da
salvação. O seu nascimento extraordinário prepara a anunciação de outro
nascimento, não só extraordinário, mas sobrenatural, divino: o
nascimento de Jesus.
Na Bíblia são referidos vários anúncios de
nascimentos excepcionais: o de Isaac, o filho da promessa de Deus a
Abraão, o de Samuel que devia fechar o período dos juízes e dar inicio à
monarquia em Israel. O de Sansão, o herói que libertará o seu povo dos
filisteus. Estas narrações são todas semelhantes: os pais são velhos e
as mães estéreis, há um anjo do Senhor que comunica que Deus concederá a
fecundidade humanamente impossível e há o anúncio do projeto que o
Senhor dá ao que vai nascer.
A Zacarias coube-lhe, entrar no
santuário do Senhor e aí oferecer o incenso, o perfume. A incensação
ocorria de manhã e à tarde tem um bonito significado para o cristão: que
devemos expressar nossa ação de graças, no oferecimento das obras e na
oração de cada dia, ao amanhecer e no entardecer. Queime toda a sua
vida, com todas as suas horas, como um incenso agradável a Deus; assim
sua oração será vida em você e toda a sua vida será uma oração.
Zacarias havia levado à oração uma intenção muito profunda, que tinha
gravada no coração que pedia a Deus com insistência, para que Ele a
concedesse. Mas, quando o anjo lhe confirma que seu pedido foi escutado e
que Isabel dará à luz um filho, Zacarias desconfia porque tem “razões
humanas” para fazê-lo. A fé de Zacarias foi colocada à prova.
Às
vezes talvez nós tenhamos nossas “razões” para desconfiar de Deus, por
parecer-nos incompreensível e inconcebível o que nos propõe. Mas, isto é
uma loucura! Melhor é abandonar-nos em suas mãos que trabalhar sem
descanso com as nossas. Porque “Se o Senhor não constrói a casa, em vão
se cansam os trabalhadores; se o Senhor não guarda a cidade em vão
vigiam as sentinelas.” (Sl 126,1)
“Felizes os que sabem auscultar em
profundidade, porque ouvirão a Deus! A nós parece incrível que Deus
nos fale, entretanto ele o faz ininterruptamente. Por que então não lhe
ouvimos a voz? Simplesmente porque não estamos à escuta. A
frequência de suas ondas é captada por quem pede e ouve em silêncio”.
Cardeal Suenens
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