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Comunidade Aliança de Misericórdia realiza um trabalho de evangelização nos bairros carentes do Rio de Janeiro e de São Paulo
É forte o apelo do Papa Francisco para que a Igreja vá ao encontro daqueles que vivem nas periferias da sociedade. A Comunidade Católica Aliança de Misericórdia põe em prática o pedido do Santo Padre, evangelizando as comunidades carentes, em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Na capital carioca, a missionária Meire de Calcutá, trabalha na missão da Comunidade Aliança de Misericórdia, no bairro Senador Camará, conhecido pela forte presença do tráfico de drogas. Lá, a Comunidade Católica possui uma casa de evangelização e os missionários lidam com o desafio de ser presença de Deus num lugar pouco querido pela maioria da sociedade.
Neste ambiente, mediante a necessidade de evangelizar as periferias, Meire conta que a relação com o mundo do tráfico, sem dúvida, é o principal desafio para a missão. No entanto, ela destaca que é possível fazer um trabalho evangelizador nestas realidades. O segredo, segundo ela, é a aproximação.
"Nós os conquistamos com um 'bom dia', uma 'boa tarde'; são vizinhos à casa de missão. Tentamos manter esse relacionamento. Graças a Deus é muito tranquilo. Afinal, eles veem que estamos em missão e nos respeitam; somos livres para fazer qualquer tipo de evangelização", disse a missionária sobre o relacionamento com os envolvidos no tráfico.
Uma vez por mês, a Comunidade realiza uma Vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento. Durante o momento de oração que acontece na madrugada, os missionários rezam e realizam uma procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas do bairro. Meire relata como os traficantes reagem durante o momento.
"Toda primeira sexta-feira nós temos a Vigília de oração, e na madrugada nós fazemos um passeio Eucarístico pelas ruas, louvando e rezando. Muitas vezes, eles [os traficantes] estão reunidos nas esquinas, e passamos por eles, mas não paramos. Então, eles é que nos pedem: 'vocês não vão rezar por nós?" Então nos aproximamos, impomos as mãos e oramos por eles", conta. “Querendo ou não, nossa presença é um 'refúgio' para eles", afirma a missionária.
Além das Vigílias, a casa oferece adoração ao Santíssimo Sacramento durante 24 horas e Meire constata que o bairro já não é o mesmo devido a presença de Cristo. "Há três anos fazemos isso, e Jesus está ali, exposto, e no Seu silêncio vai transformando as vidas e o bairro".
A missionária conta ainda a experiência de conversão que verificou na vida de um jovem, líder do tráfico na região. Segundo ela, ele pertencia à "elite" do crime, andava cercado por seguranças, mas tinha um diferencial: frequentava a casa de missão e, durante uma hora, toda semana, permanecia diante de Jesus Eucarístico.
"Ele ficava diante do Santíssimo por uma hora, toda semana, saía e voltava a traficar. Ele gostava de estar lá, sentia-se bem. No final de 2011, ele não aguentou tanta presença de Deus na vida dele e pediu para sair do tráfico. Foi um período tenso, mas graças a Deus ele saiu, está bem, trabalhando, vivendo com a sua família. Tudo por causa da adoração ao Santíssimo, em nossa casa”, testemunhou.
Ação missionária visando o futuro
Apesar do cenário, muitas vezes sem esperança, a missão da Igreja Católica tem um olhar no futuro, semeando hoje, para colher no amanhã. Pensando nisso, a Comunidade Aliança de Misericórdia no Bairro Senador Camará também realiza um trabalho missionário com as crianças e seus familiares.
“Nós visitamos as casas, rezamos por eles, fazemos o acompanhamento espiritual de muitas pessoas que vivem trancadas em casa por causa da opressão do tráfico e têm medo de sair. Ficamos ali semeando a Palavra de Deus, estando com eles, criando relacionamento, devolvendo neles a confiança de poder confiar em alguém”.
Meire de Calcutá afirma que seu impulso para a missão vem do ardor missionário, do desejo de realizar o pedido de Cristo: ir aos necessitados. Para ela, a iniciativa é uma gota no oceano. Mesmo assim, a comunidade pretende continuar sendo sinal de esperança àqueles que não a tem.
Outras periferias
Além das comunidades carentes, Meire acredita que existem outras periferias na sociedade. São um tanto diferenciadas, segundo ela, cercadas de bens materiais, glamour e riquezas, no entanto, “pobres de espírito”.
“Acredito que também na Zona Sul do Rio de Janeiro existam muitas ‘periferias’ dentro dos lares. Famílias que têm tudo, têm bens materiais, mas não tem relacionamento, nem diálogo; não têm a Deus. Não muda muita coisa, pelo contrário, aumenta sempre mais os nossos desafios como evangelizadores, de anunciar também dentro destes lares”, disse.
Para todas as periferias existenciais, a missionária apresenta apenas uma simples proposta: a cultura do encontro, tantas vezes mencionada pelo Papa Francisco.
"Acho que nós precisamos ter contato pessoal, entrar na casa dessas pessoas, na casa física, mas também no coração, para testemunhar um Deus que é vivo, faz diferença, nos dá tudo, não só bens materiais, mas um Deus que nos traz a paz. Não podemos evangelizar só dentro das nossas igrejas, esperar quem vai à igreja, mas a Igreja tem que entrar dentro da casa do povo. E a Igreja somos nós!", afirmou.
Fonte: Canção Nova
Na capital carioca, a missionária Meire de Calcutá, trabalha na missão da Comunidade Aliança de Misericórdia, no bairro Senador Camará, conhecido pela forte presença do tráfico de drogas. Lá, a Comunidade Católica possui uma casa de evangelização e os missionários lidam com o desafio de ser presença de Deus num lugar pouco querido pela maioria da sociedade.
Neste ambiente, mediante a necessidade de evangelizar as periferias, Meire conta que a relação com o mundo do tráfico, sem dúvida, é o principal desafio para a missão. No entanto, ela destaca que é possível fazer um trabalho evangelizador nestas realidades. O segredo, segundo ela, é a aproximação.
"Nós os conquistamos com um 'bom dia', uma 'boa tarde'; são vizinhos à casa de missão. Tentamos manter esse relacionamento. Graças a Deus é muito tranquilo. Afinal, eles veem que estamos em missão e nos respeitam; somos livres para fazer qualquer tipo de evangelização", disse a missionária sobre o relacionamento com os envolvidos no tráfico.
Uma vez por mês, a Comunidade realiza uma Vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento. Durante o momento de oração que acontece na madrugada, os missionários rezam e realizam uma procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas do bairro. Meire relata como os traficantes reagem durante o momento.
"Toda primeira sexta-feira nós temos a Vigília de oração, e na madrugada nós fazemos um passeio Eucarístico pelas ruas, louvando e rezando. Muitas vezes, eles [os traficantes] estão reunidos nas esquinas, e passamos por eles, mas não paramos. Então, eles é que nos pedem: 'vocês não vão rezar por nós?" Então nos aproximamos, impomos as mãos e oramos por eles", conta. “Querendo ou não, nossa presença é um 'refúgio' para eles", afirma a missionária.
Além das Vigílias, a casa oferece adoração ao Santíssimo Sacramento durante 24 horas e Meire constata que o bairro já não é o mesmo devido a presença de Cristo. "Há três anos fazemos isso, e Jesus está ali, exposto, e no Seu silêncio vai transformando as vidas e o bairro".
A missionária conta ainda a experiência de conversão que verificou na vida de um jovem, líder do tráfico na região. Segundo ela, ele pertencia à "elite" do crime, andava cercado por seguranças, mas tinha um diferencial: frequentava a casa de missão e, durante uma hora, toda semana, permanecia diante de Jesus Eucarístico.
"Ele ficava diante do Santíssimo por uma hora, toda semana, saía e voltava a traficar. Ele gostava de estar lá, sentia-se bem. No final de 2011, ele não aguentou tanta presença de Deus na vida dele e pediu para sair do tráfico. Foi um período tenso, mas graças a Deus ele saiu, está bem, trabalhando, vivendo com a sua família. Tudo por causa da adoração ao Santíssimo, em nossa casa”, testemunhou.
Ação missionária visando o futuro
Apesar do cenário, muitas vezes sem esperança, a missão da Igreja Católica tem um olhar no futuro, semeando hoje, para colher no amanhã. Pensando nisso, a Comunidade Aliança de Misericórdia no Bairro Senador Camará também realiza um trabalho missionário com as crianças e seus familiares.
“Nós visitamos as casas, rezamos por eles, fazemos o acompanhamento espiritual de muitas pessoas que vivem trancadas em casa por causa da opressão do tráfico e têm medo de sair. Ficamos ali semeando a Palavra de Deus, estando com eles, criando relacionamento, devolvendo neles a confiança de poder confiar em alguém”.
Meire de Calcutá afirma que seu impulso para a missão vem do ardor missionário, do desejo de realizar o pedido de Cristo: ir aos necessitados. Para ela, a iniciativa é uma gota no oceano. Mesmo assim, a comunidade pretende continuar sendo sinal de esperança àqueles que não a tem.
Outras periferias
Além das comunidades carentes, Meire acredita que existem outras periferias na sociedade. São um tanto diferenciadas, segundo ela, cercadas de bens materiais, glamour e riquezas, no entanto, “pobres de espírito”.
“Acredito que também na Zona Sul do Rio de Janeiro existam muitas ‘periferias’ dentro dos lares. Famílias que têm tudo, têm bens materiais, mas não tem relacionamento, nem diálogo; não têm a Deus. Não muda muita coisa, pelo contrário, aumenta sempre mais os nossos desafios como evangelizadores, de anunciar também dentro destes lares”, disse.
Para todas as periferias existenciais, a missionária apresenta apenas uma simples proposta: a cultura do encontro, tantas vezes mencionada pelo Papa Francisco.
"Acho que nós precisamos ter contato pessoal, entrar na casa dessas pessoas, na casa física, mas também no coração, para testemunhar um Deus que é vivo, faz diferença, nos dá tudo, não só bens materiais, mas um Deus que nos traz a paz. Não podemos evangelizar só dentro das nossas igrejas, esperar quem vai à igreja, mas a Igreja tem que entrar dentro da casa do povo. E a Igreja somos nós!", afirmou.
Fonte: Canção Nova
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