Neste domingo a liturgia
celebra a festa da epifania, palavra que significa manifestação.
Celebramos hoje a Manifestação do Senhor, mas a festa do natal também
foi uma epifania, uma manifestação e a Igreja do Oriente venera com
igual fervor estas duas epifanias. Epifania na noite de Natal com os
pastores, epifania na visita dos magos. Vejamos a diferença entre as
duas.
Na noite de Natal a manifestação do Senhor aconteceu para com
os pastores que pertenciam ao povo judeu, esperavam o Messias, tinham
conhecimento através da leitura da Sagrada Escritura de que nestas
ocasiões de nascimento de grandes personagens apareciam anjos para
anunciar. Por isso, Deus envia anjos ao seu encontro para dizer que em
Belém havia nascido o Salvador, o Messias. E eles de pronto acreditam e
se põem a caminho para ver o acontecido. Chegando lá encontram o menino
com Maria a sua mãe. Deus se revelou a eles a partir da Bíblia.
Já a
epifania que celebramos hoje se dá de um modo diferente, os magos eram
astrólogos, homens que estudavam a natureza, os astros, não conheciam a
Sagrada Escritura, por isso, a revelação de Deus para eles se dá a
partir do que eles conhecem a natureza. Surge um astro que lhes revela
que algo de extraordinário havia acontecido na Judeia. Eles de pronto
se põem a caminho. Os pastores e os magos caminham ao encontro de Deus.
Os pastores orientados pelos anjos e os magos pela estrela.
O catecismo da Igreja católica afirma que Deus pode ser conhecido pela
luz natural da razão ( natureza), mas há outro grau de conhecimento
muito superior em que Deus mesmo se dá a conhecer pela revelação, isto
é, pela Sagrada Escritura. Os pastores caminham ao encontro de Deus
iluminados pela revelação, Escritura, enquanto que os âmagos caminham
iluminados pela razão. Mas, conhecer a Deus apenas pela razão é um
conhecimento limitado, por isso a estrela os conduz para Jerusalém, pois
é de Jerusalém que sairá a Palavra de Deus. O homem que tem o
conhecimento natural de Deus pode ser conduzido pela graça ao
conhecimento revelado.
Chegando a Jerusalém, orientados pela
Palavra de Deus os magos tem a certeza do lugar onde está o Messias.
Agora não é mais o conhecimento natural e sim a revelação da Palavra que
os orienta e eles vão até Belém. A estrela ainda os conduz, o
conhecimento natural não é descartado, mas iluminado pela Palavra de
Deus. E quando eles encontram a criança sabem pela revelação que ali não
está apenas o Messias, pois de imediato os magos se prostram adorando o
Senhor que havia nascido. Encontram o menino nos braços de Maria, a
sua mãe. Que mistério! Maria se torna o primeiro trono onde se encontra
o Filho de Deus, é do colo de Maria que os magos o adoram, ela é a
primeira custódia. É de Maria que Jesus irradia todo o seu poder e
misericórdia.
Uma coisa os magos contemplam com os olhos do corpo e
outra coisa com os olhos do espírito. Percebem a humildade do corpo
assumido, mas não está oculta a glória da divindade. Veem um menino e
adoram a um Deus. Que mistério grandioso da condescendência divina. A
natureza divina e eterna aceita as debilidades de nossa carne. O Filho
de Deus, que é o Deus do universo nasce homem. Aquele que os céus não podem conter é colocado em uma manjedoura.
A
natureza cumpriu a sua vocação, guiou o homem até a Palavra revelada,
esta orienta o homem ao encontra a Deus. A Palavra não diz tudo, e sim
que ele nasceu em Belém, chegando a Belém os magos encontram não um Deus
majestoso, em seus esplendores, mas um Deus em forma de criança no colo
de Maria, Mas o que fazer? É ali que Ele que ser adorado. Que nós
iluminados pela Palavra de Deus saibamos encontrar Jesus nos pobres,
doentes, famintos e sofredores. É ali que ele que ser encontrado.( Pe. Paulo Sergio Gouveia)
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