No evangelho de hoje
encontramos Jesus e os seus primeiros discípulos. Eram discípulos de
João Batista, mas depois que este revelou que Jesus era o Cordeiro de
Deus, eles resolveram segui-lo. João aponta Jesus como o Cordeiro de
Deus, e como Cordeiro de Deus o Mestre atrai os seus primeiros
seguidores. No livro do Apocalipse vamos encontrar “uma grande multidão
que segue o Cordeiro para onde ele for”.
Mas o que significa ser
Cordeiro? Voltemos ao Antigo Testamento, mais precisamente no livro do
Gênesis capitulo vinte e dois. Ali se descreve o sacrifício que Abraão
faz do seu filho Isaac. O menino leva a lenha, o pai a faca e o fogo, no
caminho Isaac pergunta: “Onde está o Cordeiro para o sacrifício, meu
pai?” Abraão respondeu: “Deus providenciara, meu filho”. A pergunta de
Isaac é respondida dezoito séculos depois por João Batista: o Cordeiro
para o sacrifício é Jesus e não Isaac.
Seguir Jesus, eis o nosso
desafio, segui-lo como Cordeiro, isto é, segui-lo na simplicidade e no
sacrifício da cruz eis a nossa grandeza. Seguir Jesus é permanecer com
Ele, é estar com Ele, é participar da sua vida. Todos nós pelo batismo
nos tornamos seguidores de Jesus, mas este seguimento precisa ser
aprendido no cotidiano. Vejamos o exemplo de Samuel: ele morava no
Templo, mas ainda não conhecia o Senhor, a Palavra de Deus não se lhe
tinha manifestado. Exemplo de muitos de nós que mesmo sendo templos de
Deus pelo batismo ainda não temos uma convivência com o Senhor, não nos
sentimos seus discípulos.
O inicio do discipulado é a escuta da
Palavra: “Fala Senhor que teu servo escuta”. Tudo começa pela Palavra,
pelo questionamento que o Senhor nos faz. Porém, só seremos discípulos
de verdade quando a exemplo de Samuel “não deixarmos cair nenhuma
Palavra de Deus”. Acolher seus ensinamentos e tê-lo como nosso Mestre.
Seguir Jesus em última instância é fazer o que ele fez “Meu alimento é
fazer a vontade do Pai”. E dizer que o nosso alimento é fazer a vontade
de Deus é perceber que cada intervenção de Deus em nossa vida será o
nosso alimento apropriado. Muitas vezes a vontade divina nos parece
rude, embaraçante, incompreensível. Projetos caídos por terra,
dificuldades a todo o momento: por que intervém Deus desta maneira? É o
mistério da conduta providencial de Deus e nestes momentos como é
difícil aceitar estas realidades. É a forma com que Jesus faz
discípulos.
Na carta aos Hebreus encontramos “é para a vossa
correção que sofreis”. É a pedagogia de Deus, ele nos ensina corrigindo.
Mas o discípulo de Jesus com a intuição da fé percebe que estas
contrariedades não passam de uma manifestação amorosa de Deus. Esta
vontade divina que se manifestou neste acontecimento, nesta
contrariedade, que feriu o nosso coração, Deus em sua sabedoria
considerou que isto era necessário para o nosso adiantamento, o nosso
crescimento como discípulos.
Tomemos como exemplo Santo Inácio,
bispo de Antioquia, preso, condenado é enviado de Antioquia para Roma
para ser comido pelas feras e nesta situação o santo percebe o dedo de
Deus, a pedagogia divina. Depois de oitenta e quatro anos servindo ao
Senhor, Inácio diz que “somente agora começo a ser discípulo”. Na
convivência com as feras é que eu entendi o que significa seguir o
Cordeiro de Deus. Se o Cordeiro foi imolado, o discípulo também o será. O
verdadeiro discípulo se torna testemunha.
Mas por que, mesmo
diante disso tudo, seguir Jesus? Jesus é o Verbo eterno, é a Palavra do
Pai sobre a terra, é a ciência e a sabedoria. Em Jesus vai nos dizer São
Paulo “estão todos os tesouros da ciência e da sabedoria”. Aconteça o
que acontecer nada é mais vantajoso para o homem do que seguir Jesus e
permanecer com ele. E em Jesus o homem encontra tanta felicidade que não
se contendo transmite a verdade para os outros.
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