Cinco pães e dois peixes, o milagre que sacia a fome do mundo! O ser humano é um ser faminto! Precisa do “alimento” sempre, todos os dias! Grande parte do nosso tempo é destinada ao trabalho para prover nossas necessidades alimentares. Muitas vezes sentimo-nos cansados no esgotamento de nossas forças em busca do pão.
O profeta Isaías pergunta ao povo exilado: “Por que gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta? Ouvi-me com atenção e alimentai-vos bem” (Is 55,2). Num mundo onde tudo é pago, onde tudo gira em torno do lucro e do interesse econômico, os cristãos devem também se perguntar: Onde gastamos nossas forças e recursos? O nosso pão é fruto da escuta atenta da Palavra de Deus? A multidão que procura Jesus no deserto é esta gente faminta que deseja ser saciada. Ele, o “Cristo” se revela nosso alimento verdadeiro, ele é o Pão Vivo, que sacia toda fome. Jesus sente compaixão e cura os doentes, depois manda os discípulos providenciarem o alimento.
Certamente, o homem precisa de pão, precisa do alimento do corpo, mas no íntimo de si mesmo precisa, sobretudo da Palavra, do Amor, da ternura, do próprio Deus. Jesus nos alimenta deste Pão Eterno, isto é, nos enche de disposição e sentido para sermos plenos. E quando somos plenos do amor divino, somos também concretos, na demonstração do serviço e caridade que transformam realidades, que saciam a fome do mundo!
Para saciar a fome, Jesus serviu-se daquilo que as pessoas trouxeram - cinco pães, dois peixes! Numa visão materialista, não significam nada! Para o homem espiritual, significa tudo! Cinco pães, dois peixes, podem ser nossos sentidos orientados pela inteligência e vontade, para acolher a graça de Deus e realizá-la com nosso empenho sincero! Desse modo, cada homem estará alimentado para pôr em comum tudo o que têm - aptidões, proveitos, tempo – que vão gerar vida em abundância, pela compaixão, partilha e dedicação aos outros.
Ainda, na nossa vida, os fatos amargos, as adversidades que nos levam ao desalento podem nos levar a outra espécie de fome, mais profunda, a que alude São Paulo na segunda leitura deste domingo: a tribulação, a angústia, a perseguição, a nudez, o perigo, a espada. Sem Cristo, “Pão da Vida”, seremos pobres famintos! Em Cristo sim, seremos vencedores de todas as “fomes” geradas pela humanidade sem amor, sem agradecimento, sem Deus. Na Eucaristia, já sentamos com Ele para o banquete definitivo da Vida, pois é “Cristo” o único Pão que nos fará eternamente saciados!
Pe. Luciano Guedes.
Pároco da Catedral de Nossa Senhora da Conceição.
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