A Santa Sé através da Congregação
para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou por ordem do Santo
Padre Francisco um novo documento. Neste documento, a Santa Sé ordena que seja
cessado imediatamente os abusos litúrgicos com o rito da paz. Resumidamente o
documento orienta aos fiéis a não ficarem “zanzando” em suas paróquias para
desejar a paz, mas que deseje a quem está próximo apenas e não se introduza
músicas nesse momento, já que alem de não serem previstas no missal, tiram a
concentração da missa e aumentam muito um momento que deveria ser “discreto” na
liturgia.
1. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha
paz”, são as palavras com as quais Jesus promete aos discípulos reunidos no
cenáculo, antes de enfrentar a paixão, o dom da paz, para infundir-lhes a
gozosa certeza de sua presença permanente. Depois de sua ressurreição, o Senhor
leva ao termo sua promessa apresentando-se no meio deles, no lugar em que se
encontravam por temor aos Judeus, dizendo: “A paz esteja convosco!”[2]. A paz,
fruto da Redenção que Cristo trouxe ao mundo com sua morte e ressurreição, é o
dom que o Ressuscitado segue oferecendo hoje a sua Igreja, reunida para a
celebração da Eucaristia, de modo que possa testemunhá-la na vida de cada dia.
2. Na tradição litúrgica romana o sinal da
paz, colocado antes da Comunhão, tem um significado teológico próprio. Este
encontra seu ponto de referência na contemplação eucarística do mistério pascal
– diversamente de como fazem outras famílias litúrgicas que se inspiram na
passagem evangélica de Mateus (cf. Mt 5, 23) – apresentando-se assim como o
“beijo pascal” de Cristo ressuscitado presente no altar. Os ritos que preparam
a comunhão constituem um conjunto bem articulado dentro do qual cada elemento
tem seu próprio significado e contribui ao sentido do conjunto da sequência
ritual, que conduz à participação sacramental no mistério celebrado. O sinal da
paz, portanto, se encontra entre o Pater noster - ao qual se
une mediante o embolismo que prepara ao gesto da paz – e a fração do pão –
durante a qual se implora ao Cordeiro de Deus que nos dê sua paz -. Com este
gesto, que significa a paz, a comunhão e a caridade”, a Igreja implora a paz e
a unidade para si mesma e para toda a família humana, e os fiéis expressam a
comunhão eclesial e a mútua caridade, antes da comunhão sacramental”, isto é, a
comunhão no Corpo de Cristo Senhor.
3. Na Exortação Apostólica
pós-sinodal Sacramentum caritatis o papa Bento XVI havia
confiado a esta Congregação a tarefa de considerar a problemática referente ao
sinal da paz, com o fim de salvaguardar o valor sagrado da celebração
eucarística e o sentido do mistério no mundo da Comunhão sacramental: “A
Eucaristia é por sua natureza sacramento da paz. Esta dimensão do Mistério
eucarístico se expressa na celebração litúrgica de maneira específica com o
gesto da paz. Trata-se indubitavelmente de um sinal de grande valor (cf. Jo 14,
28). Em nosso tempo, tão cheio de conflitos, este gesto adquire, também a
partir ponto de vista da sensibilidade comum, um relevo especial, já que a
Igreja sente cada vez mais como tarefa própria pedir a Deus o dom da paz e a
unidade para si mesma e para toda a família humana. [...] Por isso se
compreende a intensidade com que se vive frequentemente o rito da paz na
celebração litúrgica. A este propósito, contudo, durante o Sínodo dos bispos se
viu a conveniência de moderar este gesto, que pode adquirir expressões
exageradas, provocando certa confusão na assembléia precisamente antes da
Comunhão. Seria bom recordar que o alto valor do gesto não fica diminuído pela
sobriedade necessária para manter um clima adequado à celebração, limitando por
exemplo a troca da paz aos mais próximos”.
4. O Papa Bento XVI, além de destacar o
verdadeiro sentido do rito e do sinal da paz, punha em evidência seu grande
valor como colaboração dos cristãos, para preencher, mediante sua oração
e testemunho, as angústias mais profundas e inquietantes da humanidade
contemporânea. Por esta razão, renovava seu convite para cuidar este rito e
para realizar este sinal litúrgico com sentido religioso e sobriedade.
5. O Discasterio, baseado pelas
disposições do Papa Bento XVI, dirigiu-se às Conferências dos bispos em maio de
2008 pedindo seu parecer sobre se manter o sinal da paz antes da Comunhão, onde
se encontra agora, ou se mudá-lo a outro momento, com o fim de melhorar a
compreensão e o desenvolvimento de tal gesto. Traz uma profunda reflexão, se
viu conveniente conservar na liturgia romana o rito da paz em seu lugar
tradicional e não introduzir mudanças estruturais no Missal Romano. Oferecem-se
na continuação algumas disposições práticas para expressar melhor o conteúdo do
sinal da paz e para moderar os excessos, que suscitam confusão na assembléias
litúrgica antes da Comunhão.
6. O tema tratado é importante. Se os
fiéis não compreendem e não demonstram viver, em seus gestos rituais, o
significado correto do rito da paz, debilita-se o conceito cristão da paz e se
vê afetada negativamente sua própria frutuosa participação na Eucaristia.
Portanto, junto às precedentes reflexões, que podem constituir o núcleo de uma oportuna
catequese a respeito, para a qual se ofereceram algumas linhas orientativas,
submete-se a prudente consideração das Conferências dos bispos algumas
sugestões práticas:
a) Esclarece-se definitivamente que o rito da paz alcança já seu
profundo significado com a oração e o oferecimento da paz no contexto da
Eucaristia. O dar-se a paz corretamente entre os participantes na Missa
enriquece seu significado e confere expressividade ao próprio rito. Portanto, é
totalmente legítimo afirmar que não é necessário convidar “mecanicamente” para
se dar a paz. Se se prevê que tal troca não se levará ao fim adequadamente por
circunstâncias concretas, ou se retem pedagogicamente conveniente não
realizá-lo em determinadas ocasiões, pode-se omitir, e inclusive, deve ser
omitido. Recorda-se que a rúbrica do Missal disse: Deinde, pro
opportunitate, diaconus, vel sacerdos, subiungit: Offerte vobis
pacem”.
b) Baseado nas presentes reflexões, pode ser aconselhável que, com
ocasião da publicação da terceira edição típica do Missal Romano no próprio
País, ou quando se façam novas edições do mesmo, as Conferências considerem se
é oportuno mudar o modo de se dar a paz estabelecido em seu momento. Por
exemplo, naqueles lugares em nos quais se optou por gesto familiares e profanos
de saudação, traz a experiência destes anos, poderiam-se substituir por gestos
mais apropriados.
c) De todos os modos, será necessário que no momento de dar-se a paz se
evitem alguns abusos tais como:
- A introdução de um “canto para a paz”, inexistente no Rito romano .
- Os deslocamentos dos fiéis para trocar a paz.
- Que o sacerdote abandone o altar para dar a paz a alguns fiéis.
- Que em algumas circunstâncias, como a solenidade de Páscoa ou de
Natal, ou Confirmação, o Matrimônio, as sagradas Ordens, as Profissões
religiosas ou as Exequias, o dar-se a paz seja ocasião para felicitar ou
expressar condolências entre os presentes.
d) Convida-se igualmente a todas as Conferências dos bispos a preparar
catequeses lirtúgicas sobre o significado do rito da paz na liturgia romana e
sobre seu correto desenvolvimento na celebração da Santa Missa. A este
propósito, a Congregação para o Culto Divino e a Disiciplina dos Sacramentos acompanha
a presente carta com algumas pistas orientativas.
7. A íntima relação entre lex
orandi e lex credendi deve obviamente estender-se
a lex vivendi. Conseguir hoje um compromisso sério dos católicos
frente a construção de um mundo mais justo e pacífico implica uma compreensão
mais profunda do significado cristão da paz e de sua expressão na celebração
litúrgica. Convida-se, então, com insistência a dar passos eficazes em tal
matéria já que dele depende a qualidade de nossa participação eucarística e o
que nos vejamos incluídos entre os que merecem a graça prometida nas
bem-aventuranças aos que trabalham e constroem a paz.
8. Ao finalizar estas considerações,
exorta-se aos bispos, e sob sua guia, aos sacerdotes a considerar e aprofundar
no significado espiritual do rito da paz, tanto na celebração da Santa Missa
como na própria formação litúrgica e espiritual ou na oportuna catequese aos
fiéis. Cristo é nossa paz,a paz divina, anunciada pelos profetas e pelos anjos,
e que Ele trouxe ao mundo com seu mistério pascal. Esta paz do Senhor
Ressuscitado é invocada, anunciada e difundida nas celebração, também através
de um gesto humano elevado ao âmbito sagrado.
(Fonte;http://fidespress.com/)
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