sábado, 13 de setembro de 2014

O CRUCIFICADO TORNA NOSSA CRUZ GLORIOSA - Pe Luciano Guedes


Hoje celebramos uma Festa do Senhor, a Festa da Exaltação da Santa Cruz. A Cruz é a nossa marca, nossa identidade de cristãos. Cristo, nosso Senhor a converteu em sinal de vida e salvação para o mundo.

Mas, o que é a Cruz? Em si mesma ela nos faz pensar na solidão e no abandono, na tortura e na dor, na humilhação e na tragédia, no silêncio de Deus. Um escândalo para nosso raciocínio humano. Portanto, em si mesma, ela é terrível!

Uma espiritualidade bem orientada e concreta sobre a Cruz deve nos conduzir ao encontro com o Crucificado, porque de fato, é Ele que a significa. É o seu amor doado, livre, incondicional pela humanidade, que faz da Cruz, “Árvore da Vida”, por sua gloriosa Ressureição. Quando dizemos, “Cruz gloriosa”, estamos a afirmar: a nossa Cabeça é Cristo, o Crucificado, que venceu a Cruz, e que agora está Vivo, Eleito, à direita do Pai, no Céu. E ainda mais: através do seu Espírito Santo, chama e congrega todo o Corpo da Igreja, nós os seus membros, para nos unirmos à sua Vitória, fazendo das nossas experiências de cruzes, meios de libertação e glória. Este é o verdadeiro e legítimo culto que merece a Cruz do Senhor - mergulhar o ser humano no mistério-amor da Santíssima Trindade que nos salva.

Ora, se o Corpo deve agora unir-se à glória do Crucificado, devemos nos perguntar sempre e em todas as ocasiões: onde estão as cruzes hoje, em nossa realidade? Na Cruz de Cristo, estão os doentes, os que foram desenganados pela ciência médica! Na Cruz de Cristo estão os pobres e indigentes, sem nome e sem voz! Na Cruz do Cristo, estão os jovens, seduzidos e estragados pelas drogas! Na Cruz de Cristo estão os que não se sentem suficientemente amados, os que foram invadidos e descartados em sua intimidade! Na Cruz de Cristo estão os povos oprimidos, destruídos pela ganância e pelo ódio! Na Cruz de Cristo, estão as pessoas, apavoradas pelo medo da violência e do crime! Na Cruz de Cristo está simbolizada toda dor, todo fracasso, todo peso que este mundo carrega.

Somente compreende o mistério da Cruz, quem se questiona sobre o sofrimento do mundo e das pessoas. Por que sofremos, por que sentimos dor? Somos uma humanidade crucificada, porque nos afastamos da vida, que é Deus. Vejam, no deserto o povo murmurou contra Deus e experimentou o veneno das serpentes (cf. Nm 21, 5ss). Entretanto, Deus não explica para nós o sofrimento e a dor, Ele nos toma em sua compaixão, isto é, sofre conosco, até nos curar com sua misericórdia. 

Nicodemos é chamado a converter-se ao Filho de Deus que não condena este mundo, mas o salva, o eleva por sua Cruz Gloriosa (cf. Jo 3, 13ss). Também nós façamos das “cruzes desta vida”, vias para nossa glorificação, remédio para a salvação dos irmãos!

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