Caros irmãos e irmãs, em domingos
anteriores vimos que a semente da Palavra de Deus, o Evangelho, nem sempre cai
em terra de bons corações, mas também cai em terras duras onde a semente não
pode penetrar. E ainda, cai em terras de corações que deixam a Palavra de Deus
penetrar, mas como a Palavra é comprometedora, quase sempre provoca
perturbações, atrai perseguições, essas são as razões porque muitas pessoas
deixam de pautar suas vidas pela Palavra de Deus.
Uma terceira possibilidade, é quando
a semente cai em corações que não se deixam enraizar, porque os cuidados com o
mundo, as seduções das riquezas, as ocupações e preocupações materiais a
sufocam, tornando-a infrutífera. No entanto, há também o coração "terra
boa" que se deixa seduzir pela Palavra de Deus e passa a viver da
orientação divina.
Sendo assim, não nos deve perturbar e
tirar a paz, se entre nós existe o escândalo do cristão medíocre, do cristão
pecador, do cristão distante do ideal evangélico de pureza, de santidade e de
desapego. A Igreja somos nós. E sendo feita por seres humanos e vivendo
mergulhada neste mundo, a Igreja da qual fazemos parte, corre continuamente o
risco de ser contaminada com o mundo e ver crescer em suas fileiras o joio ao
lado do trigo (Mt. 13, 24-43). Jesus já previa isso, já sabia como era ou como
seria a sua Igreja, já tinha certeza que nem todos seriam bons discípulo.
Diante dessa situação que nada tem de
bonito está, de um lado, a impaciência dos servos: "Senhor, não semeaste boa
semente no teu campo? Donde veio então o joio?...Queres que vamos arrancar o
joio?" (Mt 13,27-28). Por outro lado, a paciência de Deus, o dono do
campo: "Foi o inimigo que fez isto, mas não arranquem o joio, porque com
ele vocês vão arrancar também o trigo" (Mt 13,29). Qual das duas atitudes
operam a salvação? Sem dúvida, a paciência de Deus! Ele sabe que está situação,
não põe em perigo o bom êxito do Reino. Os bons continuarão sendo bons, pela
graça de Deus, ao lado dos maus. O bom testemunho que dermos, ajudará os maus a
se converterem, poderá levá-los ao arrependimento e à conversão.
Na verdade, o que Jesus condena são
os extremismos. A Igreja, repito, é feita de homens e mulheres que estão
mergulhados no mundo e, portanto, a Igreja corre sem cessar, o risco de se
contaminar com o mundo e ver crescer em suas fileiras o joio ao lado do trigo.
Certamente, alguns cristãos gostariam de recorrer a meios violentos e decisivos
para excomungar os mais fracos, expulsar os que erraram na vida, afastar os
hereges. Porém, nunca esqueçamos que as palavras de Jesus, "Quem não está
comigo está contra mim" (Mt 12,30), são mais um alerta do que uma ameaça:
Deus, meus irmãos, não é um Deus
ciumento, avarento, mesquinho, mas um Pai misericordioso. Jesus disse, que foi
o inimigo que semeou o joio no meio da plantação de trigo. O inimigo de Deus,
como disse o Evangelho deste último domingo, é o demônio. E, por isso, deve ser
também o nosso inimigo e não devemos acolhê-lo em nossa vida. Daí que, da nossa
parte, resta-nos saber se na "plantação de Deus", somos
"trigo" ou "joio do inimigo"? Ou ainda, se somos híbridos:
metade "trigo" e metade "joio"?
Meus irmãos, façamos questão de ser
trigo, trigo puro da melhor qualidade. Deus nos ajudará e nos concederá esta
graça. E acredito que cada um já sabe como proceder para ser assim. Amém.
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