domingo, 30 de outubro de 2011

Para cristão, casamento é um caminho para a santidade

A muitos, o Senhor chama ao matrimônio, no qual um homem e uma mulher formam uma só carne (cf. Gn 3, 24), e, para a Igreja, a santidade deles se realiza numa profunda vida de comunhão.
“É um horizonte de vida ao mesmo tempo luminoso e exigente;um projeto de amor verdadeiro, que se renova e consolida cada dia, partilhando alegrias e dificuldades, e que se caracteriza por uma entrega da totalidade da pessoa”, salientou o Papa Bento XVI em seu discurso para a Vigília de Oração com os Jovens, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Madri.

Para o Santo Padre, 
reconhecer a beleza e a bondade do matrimônio significa estar consciente de que o âmbito adequado à grandeza e dignidade do amor conjugal só pode ser conquistado através da fidelidade e indissolubilidade e também de abertura ao dom divino da vida.
Viver a fidelidade e estar aberto ao dom dos filhos são alguns dos compromissos assumidos pelos cristãos no Sacramento do Matrimônio. Sobre esses temas onoticias.cancaonova.com falou com a médica especialista em ginecologia e obstetrícia, Elizabeth Kipman Cerqueira, que neste fim de semana participará do 2º Congresso Nacional de Planejamento Familiar, em Brasília.

noticias.cancaonova.com:
 Numa cultura onde o divórcio se tornou algo comum e a fidelidade é vista como algo relativo, qual a importância da entrega total e exclusiva como expressão do amor conjugal?

Dra. Elizabeth: 
É um testemunho da possibilidade de realizar a aspiração que é comum a todos. Embora muitas vezes seja inconsciente, toda pessoa humana traz o desejo do amor, de aceitação e de doação total. Alguém com quem possa partilhar a jornada da vida, construindo e vencendo obstáculos juntos, na confiança recíproca.

Para o cristão, além disso, a opção pela vida conjugal no sacramento é uma resposta a Deus, como é toda resposta vocacional: o seu caminho à santidade. Para ele, é o sacramento de amor, renovado sempre, que expressa o mistério maior, verdadeiro ícone da Trindade. É impossível deixar de ver em cada divórcio, um fracasso na vida de relação e de compromisso.

noticias.cancaonova.com: Todo casal (casado) é chamado a paternidade? Como desenvolver este dom?

Dra. Elizabeth: 
Não só todo casal, mas toda pessoa humana é chamada à paternidade e à maternidade, no sentido mais profundo de gerar vida. E gerar vida quer dizer gerar Deus no mundo. Cada um, conforme seu estado de vida, precisa viver a sexualidade e a fecundidade, para realizar plenamente a sua humanidade.

Para os casais, num compromisso recíproco que inclui o abraço físico, isto significa reconhecer o filho como dom e não como direito - nem para tê-lo a qualquer custo, nem como sua propriedade para eliminá-lo quando indesejável. Para o celibatário, significa viver uma re-significação da sexualidade e da fecundidade consagrada diretamente a Deus.

noticias.cancaonova.com:
 Hoje muitas mulheres deixam de lado a maternidade priorizando a carreira profissional. Diante disso qual a importância da maternidade na realização pessoal e como dom de Deus?
Dra. Elizabeth: A cultura da sociedade influi na imagem de sucesso e de realização pessoal e, sem dúvida, a mulher tem a capacidade e a possibilidade de desenvolver qualquer profissão. O fato de adiar a maternidade tem acontecido, muitas vezes, até que a gravidez se torne algo difícil, até pela própria idade e por outros fatores. É preciso o equilíbrio pessoal e encarar a realidade existencial biológica, psicológica e espiritual e avaliar o que é importante consultando o coração, muito além das circunstâncias superficiais. Este adiamento, inclusive, tem colaborado para maior procura da fecundação in vitro - o bebê de proveta. Por outro lado, é importante lembrar aos casais que, no mútuo acordo, é preciso que o homem assuma a sua parte junto aos filhos para que a mulher continue a sua participação profissional.

noticias.cancaonova.com: 
Infelizmente alguns casais por motivos de saúde não podem ter filhos. Mas eles podem se realizar completamente dentro do casamento? Como?
Dra. Elizabeth: Na vida do casal, todo ato, não somente o ato sexual, deve ser fecundo e todo ato deve gerar vida, a começar, um no outro. A disposição para ser uma casal fecundo deve, portanto, começar pela fecundidade recíproca: ser canal da Graça um para o outro e, como casal, dispor-se a acolher e defender cada vida humana. A vida compartilhada desta forma nunca será estéril nem vazia. Esta é uma exigência inicial para quem se dispõe a receber o dom do filho gerado em suas entranhas ou gerado em seu coração através da adoção.

Fonte: Canção Nova

sábado, 29 de outubro de 2011

CNBB se une ao Papa no encontro de Assis


Os bispos que compõem o Conselho Permanente da CNBB emitiram na tarde desta quarta-feira, 26 de outubro, uma nota oficial de saudação ao Papa Bento XVI pela realização do encontro pela paz com lideranças mundiais de outras igrejas e de outras religiões nesta quinta, 27 de outubro, em Assis, na Itália.
Nós, Bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – reunidos de 25 a 27 de outubro de 2011, nos unimos ao Santo Padre Bento XVI que renova, em Assis, o encontro histórico realizado há 25 anos, pelo Beato João Paulo II, com os irmãos de outras igrejas cristãs e diferentes tradições religiosas do mundo. 

O tema escolhido pelo Papa Bento XVI, “Peregrinos da Verdade, Peregrinos da Paz”, sugere que o diálogo e a construção da Paz se fundamentam na busca da Verdade e no respeito às diferenças religiosas.

Seguindo a orientação do Papa, entendemos que o diálogo verdadeiro não se confunde com sincretismo, ou com uma religião global que ignore as várias identidades religiosas e culturais.

No mundo atual, marcado por grande crise econômica e, sobretudo, moral, o Encontro de Assis é, para todos, fonte de esperança, porque reúne pessoas de boa vontade, em diálogo sincero e aberto ao mistério de Deus.

Assim as religiões, rejeitando qualquer forma de discriminação e violência, se apresentam ao mundo como sólido caminho de promoção da dignidade humana.

Manifestamos nossa plena comunhão com o Santo Padre por este encontro e agradecemos pela escolha do tema.

Comprometemo-nos, em nossas dioceses, a desenvolver ações que levem a um renovado diálogo com as demais religiões e com todas as pessoas de boa vontade.

Que o Príncipe da Paz oriente os nossos passos no caminho inspirado por São Francisco de Assis que, neste local, se fez instrumento do Senhor, na busca da Verdade e na construção da Paz.



Fonte: CNBB

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

LITURGIA DA PALAVRA: AUTENTICIDADE DE VIDA E TESTEMUNHO

Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração

SÃO PAULO, quinta-feira, 27 de outubro de 2011 – Apresentamos o comentário à Liturgia da Palavra do 31° domingo do Tempo Comum – Ml 1,14b-2,1.8-10; 1 Ts 2,7b-9.13; Mt 23, 1-12 –, redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneu Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele é monge beneditino camaldolense.

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DOMINGO 31 – Comum – A

Autenticidade de vida e testemunho do Evangelho

Leituras: Ml 1,14b-2,1.8-10; 1 Ts 2,7b-9.13; Mt 23, 1-12

“Se eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,14-15). O próprio Jesus se torna sempre a realização encarnada da Palavra que nos entrega. Seu exemplo precede seu ensino, e deste constitui a força interior que lhe dá autoridade e eficácia.

Movido pelo impulso do Espírito e inspirado pelo exemplo de Jesus, Paulo afirma que seu ministério apostólico no meio da comunidade dos tessalonicenses foi exatamente a atuação do exemplo e do mandamento de Mestre: “foi com muita ternura que nos apresentamos a vós, como uma mãe que acalenta seus filhinhos. Tanto bem vos queríamos, que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida” (1 Ts 2,7b-8). E acrescenta pouco depois “Bem sabeis que exortamos a cada um de vós, como um pai aos filhos” (1 Ts 2, 11).

Não é fácil encontrar hoje em homilias de padres e em cartas pastorais de bispos uma linguagem tão apaixonada e humana, capaz de expressar aquela autêntica experiência da paternidade e da maternidade espiritual na qual a Igreja, através do serviço e da dedicação generosa dos seus ministros, nos gera à vida de Deus na fé, e se torna nossa “mãe”. Quantas vezes estamos proclamando na linguagem eclesiástica corrente do dia-a-dia que a Igreja é nossa mãe!

Quanto da paixão e da ternura da mãe e do empenho generoso e sábio do pai - que o apóstolo reivindica como características do seu serviço ao evangelho para os tessalonicenses - moldam de verdade nossas atitudes pastorais, e alimentam nossa pregação e catequese, enquanto somos chamados a não somente “escutar”, mas “encontrar” a boa nova libertadora de Jesus, que transforma e dá vida?

As duras palavras de Jesus na polêmica contra os fariseus colocam em luz a contradição radical entre palavras e comportamentos, sobretudo nas pessoas que, na comunidade, têm a missão e a tarefa de abrir o caminho aos irmãos e irmãs para encontrar a Deus, o Pai fonte de toda paternidade (cf. Ef 3,15), que cuida, educa e acompanha com ternura de mãe seus filhos amados, até que se tornem adultos (cf. Os 11, 1-4).

Os fariseus e os mestres da lei proporcionam um ensino autorizado do qual é preciso ter conta, enquanto guarda em si a Palavra viva que vem de Deus e que transcende a postura pessoal deles. Seu estilo de vida deveria ser o espelho da mesma palavra e dar a ela credibilidade. Ao invés se torna um tropeço que atrapalha a vida do povo. Distinguir as situações ambíguas, com sabedoria e discernimento crítico no Espírito, como convém a pessoas maduras na fé, e pegar a distância das falsas aparências, para seguir o único verdadeiro Senhor, Pai e Mestre: eis a vocação e o desafio para os verdadeiros discípulos em todo tempo.

“Por isso deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam” (Mt 23, 3). Evidenciando uma série de contradições, Jesus destaca dois pecados fundamentais, que constituem o núcleo venenoso da alma, a hipocrisia, isto é, a manipulação da verdade para consigo mesmo, diante de Deus e na relação com os demais.

O primeiro pecado é a tentativa de esconder-se atrás de um aparente zelo religioso, identificado com a rígida observância da Lei, por eles aludida, mas carregada sobre os ombros do povo, observância desprovida de todo amor e autenticidade (Mt 23, 4). O segundo pecado é a procura em chamar a atenção do povo para si mesmo, colocando-se no lugar próprio de Deus, ao ostentar formas e palavras, capazes de capturar os simples, em vez de guiá-los ao Senhor da vida (Mt 23, 5-7).

Jesus se coloca na linha do profeta Malachias, que denuncia a perversão da própria missão por parte dos sacerdotes. Eles deveriam ser de ajuda e servir de guias para viver com fidelidade a aliança; ao contrário: se tornaram “pedra de tropeço” para os pobres (1ª Leitura, Ml 2, 8).

Os pequeninos são os privilegiados do Pai! Por isso a ameaça de Jesus se faz ainda maior daquela já severa que encontramos aqui. “Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor seria que lhe pendurassem ao pescoço uma pesada mó e fosse precipitado nas profundezas do mar!” (Mt 18,6).

O tropeço e o escândalo dos pequeninos não passam somente através dos comportamentos abertamente em contradição com o evangelho e o ensino da Igreja. Quando isso acontece, é mais fácil reconhecer o desvio e se defender. Hoje em dia atuam também duas formas, dentre outras, de possíveis desvios do caminho próprio do discípulo de Jesus.

Todo mundo é alertado contra certa mentalidade secular que descuida de Deus e da dimensão espiritual da existência humana, para seguir um relativismo individualista e limitado ao nível do bem estar material.

Outro perigo mais sutil é a exploração do sentimento religioso espontâneo e simples das pessoas, dobrando-o para formas pobres de conteúdo, fortemente ligadas às emoções, sem o cuidado paterno e materno de Paulo, para educar este mesmo sentimento religioso, e acompanhar os fieis a gozar das riquezas espirituais que a Igreja proporciona para todo o povo na Palavra de Deus, na Liturgia, na formação mais consciente e adulta da própria fé.

Ao pegar nas mãos certas publicações que se dizem de caráter piedoso, e ao olhar certos programas de TV (não somente evangélicos!), que pretenderiam alimentar a fé do povo de Deus, vêm naturalmente à mente as severas palavras de Jesus no evangelho de hoje! Muitas vezes são propostas na realidade formas quase mágicas de piedade, embora os altares apareçam bem arrumados, segundo as exigências das rubricas litúrgicas!

Para onde foi o luminoso empenho da Igreja assumido através do Concílio Vaticano II, orientado a reconduzir a fé e a piedade do povo de Deus às suas divinas raízes da Palavra de Deus e do mistério pascal de Cristo na liturgia, renovando as bases da catequese, para que se tornasse mais idônea a iluminar a mente e a esquentar o coração das pessoas com a caridade de Cristo?

Para onde foi o caminho de comunhão entre todos os membros do povo de Deus, peregrino na esperança rumo à vinda gloriosa do Senhor, que sustenta seu caminho, o ilumina, o faz solidário com todos os homens e mulheres do nosso tempo, e o abre à esperança?

Esta foi a grande estrela polar da eclesiologia promovida pelo Concílio Vaticano II, retomando a mais antiga e original tradição da Igreja.

A Igreja está se preparando a celebrar no ano 2013 os cinqüenta anos da abertura do Concílio ecumênico Vaticano II (1963- 2013). Este aniversário deveria constituir uma oportunidade para todos redescobrirem as grandes Constituições do Concílio (os principais documentos doutrinais e pastorais), e assumir com renovado empenho o caminho de renovação e de autenticidade da vida cristã que o Espírito Santo abriu para a Igreja.

Em qual terreno está caindo, dentro das nossas comunidades, a fecunda semente de vida lançada pelo papa Bento XVI, com a Exortação apostólica “Verbum Domini - A Palavra do Senhor” (2008), que, num gesto de profunda comunhão com os bispos da Igreja católica, assumiu as sugestões do Sínodo dos bispos, para colocar novamente no centro do coração da Igreja e da vida de todos os fieis a Palavra de Deus, que é o próprio Jesus, Palavra-Verbo do Pai?

Este é o caminho para, no nosso tempo, cultivar e promover uma fé e uma piedade autênticas, capazes de enfrentar os desafios da secularização e do falso “pietismo” de certas propostas religiosas, que podem nascer da boa vontade, mas que não conseguem fundamentar bastante as pessoas diante dos novos desafios.

O Encontro de Reflexão, Diálogo e Oração, promovido pelo papa em Assis no dia 27 de outubro, 25o aniversário do primeiro encontro organizado pelo Bem Aventurado papa João Paulo II (1986), tem como horizonte espiritual o lema “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz”. O espírito com que o papa tem promovido este evento e o lema que o identifica destacam bem a exigência de crescer na autenticidade da relação com o mistério de Deus que nos habita e nos transcende, e na relação para com todos os membros da família humana, qualquer que seja a forma religiosa ou cultural, para expressar e honrar este mistério divino. Este encontro do dia 27 é preciso que de algum modo faça parte da celebração da eucaristia deste domingo, como palavra atualizadora do evangelho e da páscoa de Jesus.

Os estudiosos do Novo Testamento nos advertem que o tom altamente polêmico do trecho do evangelho de Mateus proclamado na liturgia deste domingo, se de um lado parece exagerar na leitura negativa do movimento dos fariseus, assim como se exprimia no tempo de Jesus, de outro lado, provavelmente, tende a marcar o perigo da hipocrisia e da modalidade errônea de se exercer a autoridade dentro da própria comunidade cristã no tempo do evangelista.

Tais riscos, seria esta a mensagem do evangelista, não se encontram somente no povo dos judeus, mas também na comunidade dos discípulos de Jesus, na nossa comunidade, em qualquer tempo e lugar.

Para os discípulos, Jesus indica outros critérios de relações recíprocas, e outro modelo para exercitar em maneira autêntica a autoridade: “Quanto a vós, nunca....” (Mt 23,8-12).

Diante da perspectiva da paixão, passagem escolhida pelo Pai para realizar a missão de Jesus como Messias e Salvador, os discípulos não conseguem entender o mistério de Jesus. E, sobretudo, não conseguem entender o que isto deveria significar para eles mesmos, enquanto seus “discípulos”. Continuam brigando entre si, sobre quem deveria ocupar os primeiros postos de poder entre eles.

Jesus revira as perspectivas: “Sabeis que os governadores das nações as dominam... Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser primeiro dentre vós, seja o vosso servo. Desse modo o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate por muitos” (Mt 20, 25-28).

Eis fundada a razão porque ninguém, entre os discípulos, pode pretender o “título” de mestre, de pai, de guia. Estas funções pertencem ao Pai e a seu Filho Jesus, que atua no Espírito Santo (Mt 23, 8-10).

Cristo, que se esvazia de todo poder e de aparência de glória, que lhe pertencem enquanto Verbo do Pai, e assume a fragilidade do escravo, morrendo na cruz, suprema manifestação do seu amor e da sua glória, permanece a fonte e o modelo de toda comunidade cristã, nas relações entre seus membros e no exercício da autoridade (cf Fl 2, 6-11).

Que sentido tem na Igreja as pessoas que exercitam os ministérios de ensinar, de suscitar a fé e de guiar e acompanhar o caminho de fé do povo de Deus?

Como diz a própria palavra “ministério”, elas são chamadas pelo Senhor a exercitarem um “serviço”, finalizado a promover a relação vital de cada um com o Pai, com o Mestre interior que é o Espírito, e com o Cristo, que é o verdadeiro caminho para o Pai. Nisto consiste toda a dignidade e a responsabilidade destes “ministros”. A partir da autenticidade desta delicada mediação, cada um precisa julgar seu próprio ministério na luz do Senhor, para verificar com humildade e sinceridade, se está de verdade servindo ao Senhor no seu povo, ou se por acaso não se está tornado pedra de tropeço para o mesmo.

Até a capacidade de servir o Senhor e o povo, como se convém, é graça. É a graça que a Igreja pede hoje, mais consciente do que nunca das próprias fragilidades: “Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas”.


Fonte: Zenit

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

BENTO XVI: A RELIGIÃO É UMA FORÇA DE PAZ

A violência a deforma e contribui para a sua destruição

ASSIS, quinta-feira, 27 de outubro de 2011 – A religião é uma força de paz e a violência, muitas vezes exercida em nome das convicções religiosas, na verdade a deforma e provoca a sua destruição.

O Papa Bento XVI destacou isso hoje, no discurso que pronunciou na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis (Itália), na abertura do Dia de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e a Justiça no Mundo, com o tema “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz”.

“Como se encontra hoje a causa da paz?”, perguntou-se, recordando que, há 25 anos, o Beato João Paulo II convidou pela primeira vez os representantes das religiões do mundo a Assis, para rezar com esta finalidade.

“Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si”, lembrou. O símbolo daquela divisão era o muro de Berlim, que caiu três anos depois, em 1989, sem derramamento de sangue.

“A vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte que os arsenais da violência”, observou o Papa, indicando que esta foi de uma vitória da liberdade, uma vitória da paz.

Desde então, reconheceu, “o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência”.

Novas formas de violência

Segundo Bento XVI, existem duas novas formas de violência, “diametralmente opostas em sua motivação”.

Em primeiro lugar, está o terrorismo, “no qual, em vez de uma grande guerra, realizam-se ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas”.

“Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o caráter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do ‘bem’ pretendido. Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência.”

“Esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição”, declarou o Pontífice.

“É verdade, na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza.”

“É tarefa de todos aqueles que possuem alguma responsabilidade pela fé cristã, purificar continuamente a religião dos cristãos a partir do seu centro interior, para que – apesar da fraqueza do homem – seja verdadeiramente instrumento da paz de Deus no mundo”, disse.

“A Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo”, acrescentou.

Um segundo tipo de violência, segundo o Santo Padre, “é a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso”.

Os inimigos da religião buscam o seu desaparecimento, “mas o ‘não’ a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida, que foi possível só porque o homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, mas tomava por norma somente a si mesmo”.

“A ausência de Deus – advertiu – leva à decadência do homem e do humanismo.”

Buscar a verdade

Junto às duas realidades de religião e antirreligião, Bento XVI destacou também “outra orientação de fundo: pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus”.

Estas pessoas não afirmam simplesmente que “não existe nenhum deus”, mas “sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele”, sendo “peregrinos da verdade”.

Com a sua atitude, “aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polêmicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista” e “chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais”.

“Que os agnósticos não consigam encontrar a Deus depende também dos que crêem, com a sua imagem diminuída ou mesmo deturpada de Deus”, afirmou.

Sua luta interior e seu interrogar-se, portanto, “constituem para os que creem também um apelo a purificarem a sua fé, para que Deus – o verdadeiro Deus – se torne acessível”.

“Por isto mesmo, convidei representantes deste terceiro grupo para o nosso Encontro em Assis, que não reúne somente representantes de instituições religiosas”, confessou Bento XVI.

Trata-se, concluiu, “de nos sentirmos juntos neste caminhar para a verdade, de nos comprometermos decisivamente pela dignidade do homem e de assumirmos juntos a causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito


Fonte: Zenit

CNBB volta a se posicionar em favor de uma Reforma Política profunda no país

“Há mecanismos hoje para coibir a corrupção em nosso país, mas a Reforma política certamente poderá ajudar muito nessa questão”. A afirmação acima é do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira, 27, último dia da reunião do Conselho Permanente da entidade.

Dom Damasceno reiterou a posição da CNBB que, através de uma nota intitulada “Reforma Política: urgente e inadiável!” defendeu uma reforma que ultrapasse o campo eleitoral. “Nós desejamos que não aconteça apenas uma reforma eleitoral, mas uma Reforma Política, como diz a nota que nós assinamos, que seja uma ‘reforma urgente e inadiável que deve ultrapassar os limites de uma simples reforma eleitoral porque sua função é coibir a corrupção que corrói as instituições do Estado brasileiro’, por isso, pedimos que a sociedade assuma essa bandeira”, sublinhou o cardeal.

Ainda sobre o tema Reforma Política, o presidente da CNBB afirmou que a impunidade deve ser combatida através da justiça e defendeu uma investigação profunda caso aja indícios de má conduta na vida pública. “No caso de indício de corrupção, a justiça deve ser acionada para que a investigação corra e busque os culpados. Se for comprovada a inocência daquele que é acusado ele deve recuperar o seu bom nome, a sua dignidade perante a sociedade, porém, uma vez comprovada sua culpa é necessário que seja punido. Quando a justiça não funciona a impunidade continua e estimula a corrupção”.

Outro ponto colocado pela presidência da CNBB durante a coletiva foi o Código Florestal brasileiro. Dom Damasceno disse que as discussões em torno do novo texto estão ocorrendo de maneira normal e destacou a possibilidade da Conferência apresentar uma emenda ao texto que beneficie de modo especial os pequenos agricultores.

“Creio que as discussões estão ocorrendo de maneira normal dentro do Congresso na Câmara e no Senado. Para dar a sua contribuição, a CNBB deverá apresentar alguma emenda ao texto, sobretudo tendo em conta os pequenos agricultores, aqueles que são mais pobres, de modo que nós queremos também tomar a sua defesa para uma política melhor, para a preservação do meio ambiente e para um desenvolvimento também sustentável”, destacou dom Damasceno.


Meios de comunicação, JMJ e Ministério dos Esportes

damasceno_entrevista

Questionado pelos jornalistas sobre as recentes posições e condutas de apresentadores em veículos de comunicação, dom Damasceno defendeu que os meios de comunicação devem ser “pautados pela ética, informando a população de maneira objetiva e de modo que contribuam para a formação e desenvolvimento do país”, disse o cardeal que completou. “Nós não podemos aprovar quando um veículo se posiciona de maneira inadequada. Esperamos que ele atenda para o bem do nosso país, dos nossos jovens e crianças”, completou.

Com relação à peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, que teve início em 18 de setembro no Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo), o cardeal disse que os bispos do Conselho Permanente estão contentes pela forma como a Igreja no Brasil está acolhendo a peregrinação. “Pelos depoimentos que tivemos, os bispos ficaram muito contentes porque tiveram realmente o comparecimento para acolher esses dois símbolos da JMJ, sobretudo de jovens. Onde esses sinais ficaram expostos, houve um afluxo de pessoas muito grande”, informou.

Já sobre a escolha do deputado federal Aldo Rebelo para a pasta do Ministério dos Esportes, o cardeal fez suas considerações ressaltando a história de vida pública do novo ministro. “O deputado Aldo Rebelo é uma pessoa muito conhecida no país: foi presidente da Câmara dos Deputados, esteve na Casa Civil, hoje é deputado. É uma pessoa que merece nossa consideração, respeito, e desejamos que ele tenha uma responsabilidade muito grande no Ministério dos Esportes. Disse também que o Ministério deverá cumprir suas responsabilidades com foco na população. “Além de espaço para o esporte esse Ministério deve atender as necessidades do país em infraestrutura, principalmente para as populações mais pobres”.


Fonte: CNBB

sábado, 22 de outubro de 2011

O amor transforma tudo!

Ex 22, 20-26; Salmo 17; 1 Tessalonicenses 1, 5c-10; Mateus 22, 34-40

Jesus vai dizer para nós que só o amor importa e só o amor é tudo. Neste aspecto, ele teve uma seguidora que se destacou bastante em seu testemunho espiritual: Santa Teresa de Lisieux (Santa Teresinha, cuja festa celebramos no primeiro dia deste mês de outubro). A essência da vocação de Teresa estava em suas próprias palavras: “No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor [...] minha vocação é o amor” (História de uma alma).

Esse tema do amor também é central para o texto do evangelista Mateus, proclamado neste final de semana (Mt. 22, 34-40), porque as palavras de Jesus nos convencem de que amar a Deus e ao próximo constituem o núcleo central da vida cristã.

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento! Esse é o maior e o primeiro mandamento” (Mt. 22,38). A ênfase neste mandamento do amor se encontra na totalidade expressa na palavra “todo”, que é repetida três vezes em uma frase tão curta. É interessante notar que, o termo “coração” (em grego: “Kardia”), é o primeiro a ser mencionado na lista das três coisas com as quais devemos amar a Deus. Essa situação é porque, nas Escrituras Sagradas, o coração significa o lugar de onde emergem as nossas decisões.

Talvez não seja por coincidência, que este episódio do Evangelho seja proclamado no mês mais voltado para as missões. É motivado por um amor verdadeiro e maduro para Cristo, como disse Santa Teresa, um amor que “dá tudo”, que o cristão deve se comportar. Não é difícil encontrarmos missionários que deram tudo de si, deixaram tudo, renunciaram mesmo (sua terra natal, a família, seu povo, seu estilo de vida confortável, entre outras coisas), e como Cristo se ofereceram como “pão repartido para a vida do mundo” (cf. Papa João Paulo II - Dia das Missões, 2005).

Meus irmãos, nós todos somos missionários por força do nosso batismo, mais ainda pela participação nos outros sacramentos, em especial pela Eucaristia que celebramos. É preciso que coloquemos radicalmente em prática o que o sacerdote pronuncia em nome do Cristo (In Persona Christi) no momento da consagração: “Tomai todos e comei, isto é o meu corpo [...] tomai todos e bebei, este é o meu sangue” (Missal Romano, p. 477), bem como a afirmação de Jesus: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo. 15,13).

É através desse exemplo de amor verdadeiro dado por Jesus, amor que se doa, que nos sentiremos estimulados a amadurecer nossa vida cristã. O amor cristão é capaz de mudar o mundo, transformar tudo, mas uma coisa é certa, não há amor sem sacrifícios, sem sofrimentos!

Por: Pe. Márcio Henrique Mendes Fernandes

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Cultura digital é destaque em Congresso no Chile


“Organização e estratégias comunicativas diante da sociedade digital”, este foi o tema da primeira palestra ministrada pela professora e doutora, irmã Joana Teresinha Puntel, no terceiro dia do Congresso, que teve inicio no dia 17 e se encerrou ontem, 19, em Santiago do Chile. Irmã Joana destacou que no contexto histórico em que nos encontramos, constata-se que “as novas tecnologias estão suscitando um novo sujeito, novas relações”.
A segunda exposição foi da professora Silvia Pellegrini, do Chile, com o tema “Info-ética: sonhos e possibilidades? Papel das universidades católicas”. Abordou as mudanças de paradigmas que estão acontecendo nas instituições de ensino superior.
Os dois temas abordados questionaram os 150 representantes das Conferências Episcopais da América Latina e das organizações em relação à nova cultura provocada pelas tecnologias e que suscitam novas formas de relações, novas formas de pensar, novas formas de agir.
Ainda no período da manhã, o especialista em Análise de Sistema, Jorge Aparecido Silva, da Comunidade Canção Nova do Brasil, falou da produção de jogos eletrônicos que estão sendo desenvolvidos pela comunidade (blog.cancaonova.com/games).
Para os participantes, este Congresso proporcionou momentos de debates, diálogos e possibilidades de conhecer as estratégias que emergem da cultura digital e que está provocando uma revolução nas relações nos vários segmentos sociais. Para a professora Joana, “não é possível continuar com relações comunicativas do período dos meios de comunicação em que surgiram os meios de comunicação de massa. É preciso mudar a forma de pensar, de agir e de produção, que é dialógica, participativa, interativa”.
“Estamos convivendo com pessoas que estão agindo no período da cultura da galáxia de Gutemberg, outros se situam na galáxia de Marconi, pessoas com até 30 anos estão envolvidos com a cultura digital. Como conviver com os vários períodos culturais geradas pelos meios de comunicação?“, questionou a irmã Élide Fogolari, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, da CNBB.
O Congresso que debateu e estudou o tema Igreja e cultura digital, novos horizontes para a missão eclesial da Igreja, encerrado ontem com a Celebração Eucarística presidida pelo presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Cláudio Maria Celli.

Fonte: CNBB

CNBB já trabalha no texto base da Campanha da Fraternidade de 2013


geralcf2013bsbA Secretaria Executiva da Campanha da Fraternidade, juntamente com a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude e o Setor Universidades, todos pertencentes à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e representantes de universidades católicas e convidados se reuniram no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília (DF), nos dias 18 e 19, para debater sobre o texto base da CF de 2013, que terá como tema "Fraternidade e Juventude".
Mais de 20 pessoas, vindas de todo o país, participaram desta primeira reunião, que teve como meta debater assuntos ligados à juventude e aprovar o objetivo geral da Campanha da Fraternidade de 2013.
Segundo o secretário executivo da Campanha da Fraternidade, padre Luiz Carlos Dias, uma das preocupações do encontro foi buscar compreender um pouco mais o mundo em que vive os jovens de hoje. “Abordamos, na reunião, panoramas da juventude, no contexto atual de mudanças profundas e procuramos perceber elementos do impacto das novas redes sociais entre os jovens.
Nós nos preocupamos ainda com a exclusão digital de parcela da população jovem e tratamos, com muita preocupação, da violência que tem se tornado frequente e corriqueira entre a juventude”, disse.
O Setor Universidades dando continuidade ao dialogo e a parceria que se estabeleceu entre as Universidades Católicas e a CF, estiveram presentes, na reunião, com representantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) PUC-Paraná, PUC-Goiás, PUC-São Paulo e Universidade Salesiana (Unisale) de São Paulo e a secretaria do Ensino Superior da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC).
dompinheiroeduardo1Foi destacada durante o encontro a palestra dada pela professora Maria Isabel da PUC-Rio. Ela fez uma pesquisa de tendência, ou seja, ela analisou as tendências do trabalho em um futuro.
“Não há duvidas de que passamos por uma verdadeira mudança de época, um período dominado pelas redes sociais, pela democratização do conhecimento. A revolução tecnológica e a cultura midiática proporcionam novas linguagens”, destacou o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, dom Eduardo Pinheiro.

Fonte: CNBB

Reprodução assistida e célula-tronco: consultor do Vaticano explica




A Igreja Católica está sempre em diálogo com a sociedade contemporânea, buscando dar respostas para os anseios do homem para o bem da sociedade. A Pontifícia Academia para a Vida, por exemplo, reúne profissionais de diversas áreas, como teólogos, cientistas e médicos, a fim de dar um respaldo sobre as principais questões relacionadas à biomedicina e ao direito, ligados à promoção e à defesa da vida, a partir do Magistério da Igreja.

Questões como a reprodução assistida e o uso de células-tronco embrionarias geram polêmicas e discordâncias por parte até mesmo dos católicos. Para entender melhor estas questões o noticias.cancaonova.com entrevistou o membro do Conselho Diretor da Pontifícia Academia para a Vida e da Organização Mundial da Saúde, Dr. Mounir Farag.


Por que a Igreja é contra as técnicas de reprodução assistida?

Dr. Mounir Farag: Eu não vou responder como Igreja, mas falarei como médico a partir do ponto de vista científico. Nós sabemos que existem vários tipos de técnicas de reprodução assistida: heteróloga, homóloga, in vitro, in vivo, etc. Eu falarei da mais lógica, ou seja aquela homóloga que recebe a participação dos dois genitores, o pai e a mãe. Porque a Igreja não aprova isto? Existem muitas razões, mas muitos não aceitam se diz-se, por exemplo, que o matrimonio normal e natural é a união entre homem e mulher, marido e esposa e a unidade de ambos é a procriação, sendo vontade de Deus ou da natureza.

Quando se fala de reprodução assistida, existe uma terceira pessoa que entra e não trata-se de um tratamento de doença. Quando procuro uma cura para minha doença vou ao médico e não à minha mulher, ela me acompanha, mas deixa que eu seja curado pelo medico. Já na reprodução assistida, tem um medico e um instrumento de laboratório que atua como a terceira pessoa. O que quero dizer com isso?

Quando se faz a reprodução assistida homóloga são retirados diversos óvulos do ovário da mulher. No ovário, são colocados hormônios que o ativam para que ele produza, cinco, seis ou sete óvulos.  Depois, pegam o espermatozoide e fecundam um dos óvulos. O espermatozoide e o óvulo são células, mas quando unidos, não são mais células e se tornam um ser humano, um ser humano completo que começará a crescer. O que se faz?

Nós, como médicos, escolhemos um ou também fazemos vários seres humanos: Paula, Roberto, Pedro, Nicole. Também nós escolhemos o melhor e os outros condenamos à morte. Não é porque eu desejo um filho que eu faço esta coisa, o trato como objeto e tenho o direito de assassinar os demais. Isto é uma coisa cruel se eu penso que posso assassinar um filho que está diante de mim.

Se deve deixar toda a liberdade para o casal, mas antes devemos forma-los bem. Mas eles devem se questionar: “Eu pensarei conforme os meios de comunicação, como os médicos, ou conforme a  Igreja?” Ao lembrar daquela regra de ouro [Trate os outros do modo como você mesmo gostaria de ser tratado] Devo pensar: “Eu gostaria de ser criado e depois assassinado? Se não, não devo fazer o mesmo. A Encíclica Evangelium Vitae, de João Paulo II que fala sobre o assunto.


E em relação ao uso de células-troco embrionárias, por que a Igreja não é favorável?

Dr. Mounir Farag: 
Nós da Pontifica Academia para a Vida abordamos todos os anos um tema da atualidade. Há dois anos, por exemplo, abordamos a questão genética. No ano passado, pela segunda vez,  falamos sobre as células-tronco, e mais especificamente, sobre o sangue presente no cordão umbilical. Ali  examinamos os vários trabalhos e contamos com a presença de especialistas, médicos, juristas, filósofos e teólogos. Abordamos muitas questões, já que a Igreja apoia muitas pesquisas e estudos neste campo.

Eu pessoalmente coordenei um dos temas do evento porque, no ano passado, foram tratados dois temas, entre eles a Síndrome pós-abortiva, ou seja o que acontece com as mulheres depois de um aborto. Eu falei sobre as células-tronco e, inclusive, a Igreja apoia muito o uso das células-tronco adultas, que são aquelas retiradas do cordão umbilical. Isto é aprovado e, além disso, existem estudos e evidências que consideram, inclusive, o uso delas [células-tronco adultas] melhor do que o uso de células-tronco embrionarias. Então pergunto: Para quê criar embriões para  retirar deles células-tronco sendo que as células-tronco adultas podem ser retiradas do cordão umbilical que não custam praticamente nada e dão o mesmo resultado para todas as doenças?

Fonte: Canção Nova

Papa pede uma economia que respeite a dignidade humana


papaacenandoBento XVI enviou uma mensagem, nesta segunda-feira, 17, ao diretor da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação 2011, no último domingo, 16.
Na mensagem, o papa recorda as vítimas da fome no Chifre da África e sublinha que "diante da morte de inteiras populações e o abandono forçado de seus territórios, a ajuda imediata é essencial, mas é necessário pensar em soluções a médio e longo prazo para que a ação internacional não se reduza a dar respostas somente nos momentos de emergências".
O Santo Padre recorda a crise internacional que está afetando vários setores da economia e os pobres, condicionando a produção agrícola e a possibilidade de acesso aos alimentos.
O tema do Dia Mundial da Alimentação deste ano “Preços dos Alimentos: da crise à estabilidade”, segundo o papa, "nos convida a refletir sobre a importância de vários fatores que podem fornecer recursos essenciais a pessoas e comunidades, partindo do trabalho agrícola que deve ser considerado não como uma atividade secundária, mas como objetivo de toda estratégia de crescimento e desenvolvimento integral".
Bento XVI faz um apelo por uma economia que respeite cada vez mais a dignidade humana e ressalta que o futuro da família humana necessita de um novo impulso para superar as atuais fragilidades e incertezas.
"O Dia Mundial da Alimentação deve contribuir a modificar comportamentos e decisões a fim de garantir que cada pessoa hoje e não amanhã, tenha acesso ao alimento necessário e que o setor agrícola disponha de um nível suficiente de investimentos e recursos que dê estabilidade à produção e ao mercado", destacou o papa na mensagem.
O Santo Padre reiterou o compromisso da Igreja Católica junto das organizações que trabalham para garantir alimentação a todos. "A Igreja através de suas estruturas e agências humanitárias continuará trabalhando nessa linha para que todos os povos e comunidades disponham da necessária segurança alimentar", conclui.
Fonte: CNBB

domingo, 16 de outubro de 2011

Caritas teme aumento do desemprego e endividamento

Organização católica admite encerramento de alguns dos serviços numa altura em que são «cada vez maiores» os pedidos de apoio


D.R.

Fátima, Santarém, 16 out 2011 (Ecclesia) – A Caritas Portuguesa manifestou preocupações perante as medidas previstas no próximo Orçamento de Estado (OE), que considerou “exigente” para os “mais desfavorecidos e para as classes médias”, alertando para o possível aumento do desemprego e endividamento das famílias.

Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, após uma reunião da sua Comissão Permanente, este sábado, a organização católica afirma que se trata “de um OE exigente, principalmente, para os mais desfavorecidos e para as classes médias, que pode não criar condições minimamente estimulantes para a economia e ser até restritivo à criação de postos de trabalho e de redução do flagelo social que é o desemprego”.

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho apresentou esta quinta-feira várias das medidas do OE 2012, como a “expansão do horário de trabalho no setor privado em meia hora por dia” ou “ajustar o calendário dos feriados”, para além da “eliminação dos subsídios de férias e de Natal para todos os vencimentos dos funcionários da Administração Pública e das Empresas Públicas acima de 1000 euros por mês”.

Os vencimentos situados entre o salário mínimo e os 1000 euros serão sujeitos a uma “taxa de redução progressiva, que corresponderá em média a um só destes subsídios” e serão eliminados “os subsídios de férias e de Natal para quem tem pensões superiores a 1000 euros por mês”.

Para a Caritas, “o facto de muitos portugueses virem a perder os subsídios de férias e de Natal levará ao aumento das situações de sobreendividamento com consequências que já são amplamente conhecidas”

A Comissão Permanente da organização admite que “não se augure, como desejaria, um futuro sem sobressaltos para as instituições e outras entidades que prestam apoio social à comunidade".

"Antes, será de esperar uma atividade mais limitada e mesmo o encerramento de alguns dos serviços até agora prestados, numa altura em que são cada vez maiores os pedidos de apoio social", refere a nota da Caritas, para quem as entidades de apoio social terão de ser "mais imaginativas, recorrer ao voluntariado e proceder a mais recolhas de donativos".

Falando num acréscimo de pedidos de ajuda na ordem dos 41%, relativamente a agosto do ano anterior, o comunicado aponta para a “incapacidade de algumas Caritas conseguirem atender, em tempo útil, todas as novas situações e estarem a escassear os meios financeiros”.

Neste sentido, a Caritas espera que a sua próxima campanha de Natal - 210 Milhões de Estrelas – um gesto pela paz” - venha a ser “uma excelente oportunidade” para que se manifeste o “sentido de solidariedade que sempre caracterizou o povo português para superar esta crise”.

A Caritas Portuguesa tem agendado um Conselho Geral para 12 e 13 de novembro.

O comunicado deixa vários reparos à proposta de OE, em matérias como a decisão de taxar pensões, a falta de apoio às pequenas e médias empresas, o aumento das taxas moderadoras na saúde e a necessidade de “afetação de uma parte do orçamento para apoios pontuais e emergentes na área da ação social”, mesmo para organizações que “não tendo o estatuto de IPSS, prestam apoio social e económico a milhares de portugueses”.

A votação na especialidade do OE, cujo prazo de entrega na Assembleia da República termina esta segunda-feira, decorrerá nos dias 24, 25 e 28 de novembro, antes da votação final global no Parlamento, no dia 29.


Fonte: Agência Ecclesia