sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O valor da oração comunitária

Fulge o valor da oração comunitária nestas palavras de Cristo: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Nestes instantes de preces se percebe ao vivo a presença de Jesus, havendo um compartilhamento da fé numa invocação a Deus e numa abertura ao amor e à esperança. Por isto, São Paulo aconselhava aos romanos: “Buscai a plenitude do Espírito. Falai uns aos outros com salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração (Ef 5,18-20). Unidos, os cristãos elevam seu espírito ao Deus trino, motivados pelas grandes obras que realiza na existência de cada um. Não há nada mais bíblico nem mais eclesial do que este louvor de Deus a quem conjuntamente se adora e agradece, apresentando reparação pelas falhas humanas e se pedem graças que são concedidas pelo Pai que está nos céus, como afiançou o próprio Redentor. A oração vivida com fé autêntica enche a pessoa da dileção de Deus, é comunhão com Ele e com os irmãos na busca da libertação dos próprios erros, levando a um crescimento interior integral fruto da ajuda mútua. Isto porque a união na oração é uma das expressões mais vivas da comunhão dos santos. É evidente que a prece dos cristãos tem seu apogeu e sua centralidade na Eucaristia. Nunca se valorizará demais a participação no Santo Sacrifício da Missa. Nele a Palavra de Deus fala ainda mais fundo dentro de cada coração através das leituras e cânticos e nele adoramos o Pai em Cristo, com Cristo e por Cristo, recebendo os dons do Espírito Santo. Durante a Missa se oferecem orações, súplicas e intercessões em espírito de gratidão, conscientes de que tais preces estão unidas às de Cristo e às de toda a Igreja espalhada pelo mundo inteiro. No ofertório da celebração eucarística afirmamos que tudo o que somos e o que possuímos é dádiva de Deus. Esta dativa tem dimensão social e a ela deve associar-se cada um no serviço do reino de Deus e no serviço ao próximo, usufruindo com júbilo a presença de Jesus prometida por Ele aos que em seu nome estão reunidos. A busca de Deus, do Valor Absoluto, bem como a paz, a tranqüilidade, a imperturbabilidade resultam destes momentos beatíficos da prece em comum. É que a prece é sempre uma resposta de amor à vontade amorosa de Deus. Na oração, de fato, os cristãos se põem naquela radical perspectiva de abertura ao Todo-Poderoso Senhor e, por meio da graça, abertura à salvação, na qual Deus vem sempre de encontro cada um e o chama e opera nele na alegria do Espírito Santo. Quanto mais profundamente cada um se colocar nesta perspectiva, tendo como premissa um coração purificado e livre, tanto mais este encontro com Deus se tornará para ele, vital existencial. Rezar é, de fato, um ato de renovação da fé na presença de Deus, um gesto de esperança na tensão para a conquista da Jerusalém celeste, uma expressão de amorosa doação de si. Pode-se, deste modo, de maneira temática, concreta e palpável se perceber a inobjetivável experiência da transcendência sobrenatural do Ser Supremo. Pode-se mesmo dizer que a história pessoal da salvação de cada um é a história de sua oração feita em união com os irmãos e irmãs. É quando se abrem os ouvidos do coração e se escuta a resposta de Deus: “Eu sou a vossa proteção”. Então razão tem Santo Agostinho que disse que a oração do cristão é um falar com Deus, recebendo dele retorno maravilhoso. Tudo porque, quando dois ou três estão reunidos em oração, Jesus está no meio deles. Professor no seminário de Mariana durante 40 anos.


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana (MG)

Fonte: Canção Nova

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