terça-feira, 30 de julho de 2019

Bispos repudiam massacre em presídio de Altamira e pedem respeito à dignidade humana

 
Diante do massacre ocorrido na última segunda-feira, quando 57 detentos foram assassinados durante uma rebelião no Centro de Recuperação Regional de Altamira (PA), os bispos do Regional Norte 2 da CNBB expressaram seu “repúdio à toda e qualquer forma de violência e desrespeito à dignidade humana”.
A rebelião, que durou cerca de cinco horas, deixou 57 mortos, dos quais 16 foram decapitados e 41 asfixiados, depois que detentos atearam fogo em celas.
Tudo começou pela manhã com uma briga entre facções criminosas. Segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), detentos de um grupo invadiram o anexo onde estavam os presidiários da organização rival e incendiaram as celas.
Durante a rebelião, dois agentes penitenciários chegaram a ser feitos reféns, mas foram liberados em seguida.
Após o ocorrido, o Gabinete de Gestão de Segurança Pública determinou que 46 presos envolvidos no confronto fossem transferidos, destes 16 foram identificados como líderes das facções criminosas.
Em nota publicada nesta terça-feira, 30 de julho a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Regional Norte 2 e a Arquidiocese de Belém lamentaram que o massacre no presídio de Altamira “não está isolado e é mais um grito clamoroso acusando a ineficiente gestão dos presídios brasileiros caracterizada por fugas, rebeliões, tensão, ociosidade, péssimas estruturas, superlotação e negligência pedagógica”.
 
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi feita uma inspeção no Centro de Recuperação de Altamira neste mês de julho e constatadas condições “péssimas”, além de superlotação. A unidade, com capacidade para 200 reclusos, albergava atualmente 311.
Neste sentido, os Bispos afirmaram que repudiam “a ‘cultura do encarceramento em massa’, bem como, a ‘ideologia da repressão’ em vez da promoção da ‘cultura preventiva’ dentro e fora dos presídios”.
Por outro lado, sublinharam que “a cultura repressiva não tem consistência para, de forma isolada, dar resposta à gravidade e amplitude das causas da violência, que são múltiplas e profundas”.

Assim, reiteraram “a necessidade da promoção de políticas públicas integradas e a urgência da promoção da preventividade”, de modo especial, “por meio de programas sociais voltados para o apoio à família, infância e juventude”.

“A promoção da justiça – indicaram os Prelados – não combina com a violência”. Por isso, assinalaram que “Deus não deseja a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva”.

Porém, os Bispos indicaram que, para tal, “precisamos de um Sistema Penal à altura da dignidade humana para que a mais profunda remissão aconteça na mente e no coração de cada detento”.
“Que o sangue derramado nos presídios seja semente de um sistema penal mais humano e coerente com a dignidade da pessoa humana”, acrescentam.
Na nota, ressaltam ainda que, “inspirados nas atitudes de Jesus Cristo, que tratou a todos com o máximo respeito, renovamos o nosso compromisso de presença diferenciada nas unidades prisionais através da Pastoral Carcerária”.
Presença da Igreja
Diante desse massacre no presídio de Altamira, a Pastoral Carcerária publicou uma nota em sua página do Facebook, na qual pediu orações, “tanto pelas pessoas que estão encarceradas em Altamira, quanto pelos familiares que perderam seus parentes”.
Muitos familiares de detentos acompanharam os fatos na porta do presídio, aguardando informações. Essas famílias receberam o consolo e apoio de Padre Patrício Brenan, o qual realiza um trabalho de evangelização todas as
segundas-feiras no Centro de Recuperação Regional de Altamira.
“Foi angustiante ver aquelas mulheres em desespero, sem saber se seus entes queridos estavam mortos ou vivos. Passaram o dia sem receber informações”, contou o sacerdote ao site da revista ‘Época’.
Na manhã desta terça-feira, o governo do Pará divulgou a lista com os nomes dos detentos que foram mortos durante o massacre.
Fonte:Acidigital

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