sábado, 7 de novembro de 2015

32º DOMINGO COMUM – 08/11/2015 “Confiança em Deus e generosidade”


A Liturgia da Palavra de hoje nos fala de duas pobres mulheres, são viúvas, sem nome e sem distinção. O primeiro caso é narrado pelo Livro dos Reis. Na época em que Israel sofreu uma grande seca, o profeta Elias, retirou-se para a cidade de Sarepta, região na fronteira com o Líbano, território pagão. Lá chegando, encontra uma viúva e a ela pede um pedaço de pão para não morrer de fome. A viúva lhe diz que tem somente um punhado de farinha e pouco azeite, para ela e para seu filho. Mas embora fosse grande a escassez dos seus recursos, ela preparou o pão. No fim da cena, comeram do pão, ela, o filho e o profeta de Deus. 

O segundo caso é contado pelo Evangelho de São Marcos. No Templo de Jerusalém, chama a atenção de Jesus as duas moedas depositadas na arca do tesouro por outra viúva - esta de Israel. Nenhum dos ricos presentes no templo percebeu sua ação escondida. Somente Jesus, com os olhos do coração, enxergou no humilde gesto a grande generosidade da mulher. “Os outros deram de suas sobras, ela deu tudo que possuía para viver”, diz o Senhor. 



Como precisamos aprender a partilhar! Nós, cristãos, deste tempo presente, como precisamos compartilhar nossas necessidades! O mundo atual se preocupa excessivamente com a segurança econômica. Quantos casais cristãos adiam por tempo indeterminado a gravidez, a chegada de um filho, por medo de passarem fome! Aposta-se primeiro em todas as seguranças materiais. Quantas vezes, as pessoas se deprimem por não poderem consumir algum “produto”, ou “objeto” de seus desejos, quando a cura real de suas solidões é encontrarem-se efetiva e afetivamente com outras pessoas e juntas abrirem-se a Deus, Senhor sobre todas as coisas. O papa Francisco, na Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho nos ensina que na “raiz da crise financeira que vive o mundo está a idolatria do dinheiro. Antes de ser crise econômica, é crise ética, é negação do ser humano, que não pode ser reduzido ao poder de consumo. O dinheiro existe para servir e não para governar”, diz ele! Admitamos então, por mais que nos custe, que a cultura do cálculo não deixa espaço para a confiança, para a entrega e para a esperança!

As viúvas da Sagrada Escritura fizeram a experiência do abandono em Deus. E nós? Somos capazes de oferecer a Deus e aos irmãos, o que temos e o que somos? Lembremos que partilhar não é só oferecer coisas aos outros, é oferecer também o dom de nós mesmos. A leitura de Hebreus nos diz que Jesus entrou no santuário do Céu, de uma vez por todas para Ele mesmo oferecer-se por nós continuamente. Dar ao outro, o que somos! Num mundo tão obcecado pela pressa e correria, qual o tempo que damos à nossa casa, aos amigos, à família, aos pobres e necessitados? 


Fé e caridade. Eis aqui o que descobrimos nestes belos testemunhos da Palavra Sagrada. Que nos inspirem a confiar mais no Senhor e a fazermos a experiência da generosidade que atravessa nossos encontros humanos, particularmente no encontro com o pobre! A vida cristã não é para ser retida, guardada egoisticamente, mas para ser compartilhada e por fim devolvida a Deus.

Pe. Luciano Guedes
Pároco da Catedral

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