sexta-feira, 6 de março de 2015

HOMÍLIA DO TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA - Pe Paulo Sergio Gouveia


No Evangelho Jesus se apresenta “expulsando os vendedores de bois, ovelhas, pombas e os cambistas”. O Templo era um lugar muito sagrado para os judeus, todo judeu deveria ir ao templo ao menos uma vez por ano para oferecer um sacrifício a Deus. Como bom judeu, Jesus exige respeito pelo templo. Desrespeitá-lo significava desrespeitar o próprio Deus, pois templo significa a presença de Deus entre os seres humanos. 

A Igreja, durante a quaresma, caminhando para a Páscoa, parece repetir o gesto de Jesus, convidando os cristãos à purificação do templo do seu coração para que possam prestar a Deus um culto mais purificado. Jesus purificou o templo de seus profanadores e nos convida a purificar também o templo de nosso coração. Jesus nos convida a sermos templos no qual está presente Deus e nele se oferece um verdadeiro culto em espírito e em verdade…

Na primeira leitura escutamos como devemos nos comportar para sermos Templos do Senhor. “Não terás outros deuses diante de mim”. “Não farás para ti imagens de escultura”. Será que Deus está proibindo o uso das imagens? 

Essa proibição de fazer imagens se refere à imagem dos deuses falsos que tomavam forma de pessoas, astros. Deus não proibiu o fazer imagens, tanto isso é verdade que Deus mandou Moisés fazer uma serpente de bronze (Nm 21), que Jesus vai dizer que é uma prefiguração dele. Deus mandou Moisés fazer dois querubins, isto é anjos para colocar em cima da arca da aliança (Ex 25). Salomão quando construiu o Templo mandou fazer querubins e outras figuras nas paredes (1Rs 7,29). Nem por isso o templo foi do desagrado de Deus. 

Ao recriminar os católicos os protestantes deveriam provar que as imagens de Jesus, Maria e dos Santos são imagens dos deuses estrangeiros. Uma coisa é a imagem, outra é o ídolo. O mesmo Deus que proibiu fazer imagens (dos ídolos), mandou fazer imagens não de ídolos como o da serpente de bronze e dos querubins. 

Enfim a Quaresma é tempo de conversão! Aproveitemos bem esse tempo fazendo a Via Sacra, meditando no amor de Deus por nós. Meditemos na Cruz! Não é possível seguir o Senhor sem a Cruz. Carregar a cruz, aceitar a dor e as contrariedades que Deus permite para a nossa purificação. “Que seria de um Evangelho, de um cristianismo sem Cruz, sem dor, sem o sacrifício da dor?, perguntava-se o Papa Paulo VI.

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